A Nakba não acabou
Passado Presente e Fronteiras Porosas reúnem obras de artistas palestinianos e israelitas.
Passado Presente e Fronteiras Porosas são duas exposições cuja oportunidade gostaríamos de recusar. Afinal, quem as visitar no Quartel do Largo do Cabeço de Bola, em Lisboa, dificilmente se abstrairá da actual situação política de Israel. “Ninguém sabe o que vai acontecer”, mas “avizinham-se tempos sombrios”, desabafa, de Telavive, Miki Kratsman, um dos participantes em Passado Presente. Nascido na Argentina (1959), a viver em Israel desde 1971, este fotojornalista (até 2012), artista e professor — mostrou o seu trabalho na Bienal de Veneza de 2003 — documenta, há anos, a fotografia, a evolução do conflito israelo-palestiniano. Os efeitos da ocupação e da guerra na população civil, em especial na palestiniana, têm sido o tópico maior da sua actividade. Talvez por isso, durante a conversa realizada via zoom nos tenha lembrado que “o passado não foi muito melhor”. Ora, voltando às duas exposições, que resultam da iniciativa do projecto (un)common ground de Marlene Monteiro Freitas, João Figueira, Miguel Figueira, Vítor Silva, é do passado que elas (também) nos falam, do passado de um território e de uma relação entre colonos e nativos. Que território? Como podemos ler no texto da apresentação de Passado Presente e de Fronteiras Porosas, aquele “que uns designam Terra de Israel e outros Palestina”. Esse território, lê-se ainda, não constitui o palco da disputa, mas o seu verdadeiro objecto.
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