Portugal na Taça Davis? À quarta oportunidade, poderá ser de vez
A jogar em casa, a selecção portuguesa tem ligeiro favoritismo para aceder à fase final da competição.
Pela quarta vez, Portugal tem a possibilidade de aceder à fase final da Taça Davis, feito inédito na história do ténis português. A eliminatória de qualificação realiza-se nos courts de terra batida do Complexo de Ténis da Maia, com a garantia de bancadas cheias, mas os tenistas portugueses têm como adversária uma igualmente motivada selecção da República Checa, país com enormes tradições na modalidade, embora presente com uma equipa jovem e menos experiente.
“Se sentirmos que somos claramente favoritos e que temos a obrigação de ganhar pode existir um pouco mais de pressão. Mas nesse capítulo estou tranquilo, tenho uma equipa muito experiente, que está muito habituada a gerir esses momentos. Não é a primeira vez que sentem que vão jogar um encontro importante. Estamos todos prontos para dar o nosso melhor e estamos muito tranquilos com o resultado que podemos ter: se ganharmos, é o nosso objectivo; se não ganharmos, é porque o adversário foi melhor”, justificou o seleccionador português, Rui Machado.
Após uma campanha de 2022 irrepreensível, com vitórias sobre a Polónia, na Maia, e Brasil, em Viana do Castelo, Portugal volta a apresentar-se na máxima força com João Sousa, actual 84.º no ranking mundial, e Nuno Borges (105.º), ambos nomeados para os dois singulares de sábado.
Borges, nascido na Maia há 25 anos, é o primeiro a entrar em acção (15 horas) defrontando o número um checo, Jiri Lehecka (39.º), quatro anos mais novo e recente quarto-finalista no Open da Austrália, o que lhe permitiu subir 32 lugares na tabela ATP. A seguir, Sousa enfrenta Tomas Machac (122.º), de 22 anos.
A jornada de domingo, tem início com o encontro de pares, para o qual está designado o par formado por Borges e Francisco Cabral (61.º no ranking de pares), campeões do Millennium Estoril Open. Do outro lado, deverão estar Machac e o veterano da selecção checa, Adam Pavlasek (78.º do ranking de pares), de 28 anos.
A fechar a conferência de imprensa, Machado fez questão de salientar o sentimento do grupo. “O compromisso tem sido elevadíssimo para com a selecção e apesar de sabermos que esta eliminatória dá acesso ao grupo mundial, o que nós sentimos é que não queremos perder nenhuma eliminatória; nós queremos ganhar todas. Esta é igual às outras. Não há aqui um extra de stress, sentimos o mesmo que nas outras. Queríamos muito ganhar à Polónia e ao Brasil e queremos muito ganhar à República Checa”, frisou Machado, que tem ainda à sua disposição Frederico Silva (220.º) e Gastão Elias (246.º).
Portugal teve uma primeira oportunidade de aceder ao Grupo Mundial (designação no anterior formato) em 1994, mas perdeu a eliminatória de acesso com a Croácia, de Goran Ivanisevic, então número três mundial.
O sonho voltou a estar perto da realidade em 2017 (derrota com a Alemanha) e 2019 (Cazaquistão). “Os jogos vão acumulando e as feridas também vão acumulando, mas estou mais experiente nesse âmbito. Lembro-me perfeitamente da eliminatória em que perdi o singular depois de ter dois match-points com o [alemão Jan-Lennard] Struff; são feridas que ficam e vêm à memória, no entanto, são encontros e circunstâncias completamente diferentes. Vou tentar dar o meu melhor e esperar que o desfecho seja diferente”, adiantou João Sousa.
A República Checa já ganhou a competição em três ocasiões: em 1980, sob o nome de Checoslováquia, com Ivan Lendl e Tomas Smid; e em 2012 e 2013, com Tomas Berdych e Radek Stepanek. Os checos têm sido presença assídua no Grupo Mundial até 2017 e estiveram novamente na “primeira” divisão em 2021, onde perderam com França e Grã-Bretanha.