FC Porto venceu na Madeira, mas viajou em “segunda classe”

Jogo pobre entre Marítimo e FC Porto, com uma partida marcada mais pelas faltas do que pelo bom futebol. As expulsões ainda na primeira parte criaram o espaço que foi muito útil aos “dragões”.

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Marítimo e FC Porto em duelo na Madeira Reuters/PEDRO NUNES

A viagem do FC Porto à Madeira para defrontar o Marítimo, nesta quarta-feira, foi difícil e dura – dura no prisma futebolístico, mas também no físico, que o jogo não foi para gente frágil. No fim de 90 minutos de futebol, os “dragões” trouxeram o que mais lhes importava: um triunfo por 2-0 que permite ficarem a oito pontos do Benfica, com um jogo a menos do que o líder.

Ainda assim, esta esteve longe de ser uma viagem agradável. A equipa viajou para o Funchal em “segunda classe”, tal foi a dificuldade de estar confortável na partida, frente a um Marítimo que apostou muito no contacto físico penalizado pelo árbitro, que assinalou 43 faltas neste duelo, número que pulverizou a sua própria média (30 faltas por jogo). E expulsou dois jogadores ainda na primeira parte, um de cada lado.

No fim de contas, as expulsões criaram muito espaço para se jogar e foi esse espaço que ajudou o FC Porto a “matar” o jogo após o intervalo.

Muita agressividade

Na primeira parte tivemos um jogo que foi qualquer coisa aproximada de futebol, mas não propriamente futebol. Aqui fica um possível resumo: o árbitro Fábio Veríssimo assinalou 27 faltas e exibiu seis cartões amarelos, dois cartões vermelhos em campo (Folha e Moreno) e dois cartões vermelhos nos bancos.

E nada disto foi surpresa tendo em conta o que se passava na Madeira. Havia um jogo bastante duro e os jogadores recorreram várias vezes a faltas tácticas, fruto do permanente desposicionamento das equipas (o Marítimo, com 28 infracções, bateu mesmo o recorde de mais faltas num jogo da I Liga 22/23).

O FC Porto, com a surpresa Bernardo Folha no “onze”, teve bastantes dificuldades na transição defensiva e foi apanhado várias vezes “coxo” no momento após a perda da bola, deixando os jogadores do Marítimo de frente para o jogo e com espaço para correrem – e criaram perigo aos 10’, 28’, 31’ e 36’, sendo que três destas situações foram precisamente em jogadas de transição após recuperações de bola. Diogo Costa foi defendendo os disparos que iam à baliza.

Já o Marítimo surgiu surpreendentemente audaz, sobretudo pelo número de jogadores que disponibilizava para os momentos de transição.

Havia, porém, muito espaço para explorar entre linhas, já que o meio-campo insular estava muitas vezes “descolado” da linha defensiva – espaço que o FC Porto não soube explorar com Taremi, porque o iraniano jogou como ponta-de-lança.

20 é menor do que 22

Sérgio Conceição, que foi expulso aos 41’, corrigiu isso ao intervalo, lançando Evanilson, opção que permitia libertar Taremi para explorar o muito espaço existente entre linhas. Certo? Errado. Quem saiu foi precisamente o iraniano, algo que nos levaria a pensar que o FC Porto ficaria ainda menos associativo entre linhas.

Novamente: nada mais errado. Curiosamente, o brasileiro deu logo aos 50’ a capacidade de associação que Taremi não tinha dado e serviu, de costas para a baliza, um remate de Wendell à entrada da área.

Com o jogo desbloqueado, o FC Porto tinha um cenário perfeito: vantagem no marcador e muito espaço para explorar em transições – não só pela necessidade de o Marítimo se expor, mas também porque havia apenas 20 jogadores em campo e não 22.

Aos 54’, foi esse espaço que deu liberdade a João Mário para cruzar para uma finalização infeliz de Galeno. Aos 55’, foi também esse espaço que deu a Pepê liberdade para cruzar para novo remate de Galeno, desta vez para golo.

O Marítimo estava a defender com três ou quatro jogadores e totalmente exposto àquilo que o FC Porto quisesse fazer – José Gomes optou por não fechar a equipa em dez contra dez, algo que agora, “fazendo o Totobola à segunda-feira”, podemos dizer que correu mal.

Muito incapaz de criar jogo ofensivo na segunda parte, o Marítimo sairá a lamentar o desperdício da primeira parte, bem como a dificuldade de defender um campo "tão grande" como aquele que havia em dez contra dez. E a segunda parte, mesmo que por motivos diferentes, foi tão ou mais desinteressante do que a primeira.

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