Descoberto há menos de um ano, o maior nenúfar do mundo entrou no Guinness
Seis meses após a sua descoberta, a espécie Victoria boliviana, cujas folhas podem chegar aos três metros de diâmetro, bateu o recorde do Guinness, tornando-se oficialmente no maior nenúfar do mundo.
Estava debaixo dos narizes de todos e até os satélites do Google Earth o conseguiam captar, mas foram precisos 177 anos para que o maior nenúfar do mundo, guardado no herbanário do Jardim Botânico Real de Kew, em Londres, fosse descoberto. Antes confundida com outro nenúfar já conhecido (Victoria amazonica), a Victoria boliviana foi baptizada em Julho do ano passado. Com folhas que ultrapassam os três metros de diâmetro, esta planta foi condecorada esta segunda-feira com um recorde do Guinness World Records, antigamente atribuído à V. amazonica.
Agora, é oficial: seis meses após a sua descoberta, a Victoria boliviana é o maior nenúfar do mundo, com o recorde de maior espécie, maior folha e maior folha simples [folha cujo limbo não é dividido].
"Os gigantes da natureza nunca deixam de captar a imaginação do nosso público - e quem teria pensado que uma planta tão grande como a Victoria boliviana podia ficar fora do radar durante tanto tempo, apesar de fazer parte de várias colecções?", diz Adam Millward, editor executivo do Guinness World Records.
Este nenúfar produz várias flores – que podem chegar aos 36 centímetros – por ano, mas só abre uma de cada vez, e apenas por duas noites. Até ao momento, o maior exemplar registado está localizado no parque de La Riconda, na Bolívia, de onde esta espécie é originária. Chegando aos 3,2 metros de comprimento, as suas folhas são tão grandes e resistentes que conseguem segurar uma criança pequena e fazê-la sentir que está num filme de animação.
O botânico espanhol Carlos Magdalena, especialista em nenúfares e líder da equipa que deu conta do novo nenúfar, suspeitava há 20 anos que aquela podia ser uma espécie ainda por documentar e cultivou-a em Kew com sementes doadas pela Bolívia. Juntamente com a artista botânica Lucy Smith, Natalia Przelomska, investigadora de genética da biodiversidade, e colaboradores do Museu Nacional de Arte da Bolívia, do Jardim Botânico de Santa Cruz de La Sierra e do Jardim La Rinconada, oficializou a descoberta, que foi divulgada através de um estudo publicado na revista Frontiers in Plant Biology.
A espécie antecessora deste recorde do Guinness, Victoria amazonica, obteve o seu nome em honra da Rainha Vitória da Inglaterra e, com uma estufa construída exclusivamente a pensar em si em 1852, era a menina dos olhos da sociedade inglesa do século XIX. Podendo chegar aos dois metros e meio de diâmetro, as folhas deste nenúfar são igualmente estáveis, pelo que é comum encontrar retratos da era vitoriana com crianças nelas sentadas.
Por outro lado, o nenúfar mais pequeno do mundo também pode ser encontrado no Jardim Botânico Real de Kew. Com apenas um centímetro de diâmetro, Nymphaea thermarum estava em risco de extinção devido à destruição do seu habitat, em Ruanda. Foi Carlos Magdalena que salvou esta planta, ao cultivá-la em 2009.
Texto editado por Andrea Cunha Freitas