Deepfakes de Tom Cruise chegam a Hollywood para rejuvenescer Tom Hanks
O filme Here vai recorrer à tecnologia do estúdio de inteligência artificial Metaphysic que ganhou fama por publicar deepfakes do actor Tom Cruise durante o começo da pandemia de covid-19.
Os actores Tom Hanks e Robin Wright vão rejuvenescer digitalmente com a ajuda de ferramentas de inteligência artificial para algumas das suas cenas no filme Here, a adaptação da obra gráfica de Richard McGuire que acompanha histórias que se passam no canto de uma sala ao longo de centenas de milhares de anos.
O filme Here, com estreia prevista para 2024, marca o começo de uma colaboração entre a agência norte-americana Creative Artists Agency (CAA), que representa actores e realizadores como Julia Roberts e Steven Spielberg, e o estúdio de inteligência artificial Metaphysic que ganhou fama depois de publicar deepfakes (tecnologia que permite criar vídeos falsos) do actor Tom Cruise a dançar no TikTok.
A informação foi avançada esta terça-feira pela revista especializada Hollywood Reporter que cita o director de Here, o cineasta Robert Zemeckis (Forrest Gump, Regresso ao Futuro). "Sempre me senti atraído por tecnologia que me ajuda a contar uma história. O filme Here não vai funcionar sem que os nossos actores se transformem harmoniosamente em versões mais jovens de si próprios”, explicou Zemeckis num comunicado citado pela Hollywood Reporter. “As ferramentas de inteligência da Metaphysic fazem precisamente isto.”
Contrariamente a outros projectos do género, a tecnologia da Metaphysic não requer que os actores sejam filmados, durante semanas, com fatos cobertos de sensores (mocaps) que permitem captar os movimentos de um actor para criar personagens digitais. Ao invés disso, os actores são filmados normalmente; a edição fica a cargo de algoritmos treinados com centenas de milhares de imagens da pessoa que querem transformar ao longo da vida.
A tecnologia da Metaphysic funciona de forma semelhante aos filtros das redes sociais. Esta tecnologia permite que os actores possam ver o resultado final, enquanto gravam, num ecrã. "Se a pessoa mais velha está a tentar replicar as acções do seu eu mais jovem, ver [essa versão] ao vivo como tem um impacto enorme no ciclo de feedback", nota o co-fundador da Metaphysic, Tom Graham, em declarações ao jornal britânico Telegraph.
Controlo de dados
Nos últimos anos, a tecnologia de deepfakes tem sido amplamente criticada por permitir manipular imagens para criar vídeos falsos de figuras públicas, como políticos. Outro problema é a criação de pornografia falsa a partir das imagens de cidadãos anónimos que são retiradas das redes sociais. Há anos que a Agência de Projectos de Investigação Avançada de Defesa, dos Estados Unidos, está a estudar a tecnologia das deepfakes para tentar desenvolver um mecanismo de detecção automática destes vídeos.
Em 2019, a gigante tecnológica Meta (dona do Facebook e do Instagram) lançou um projecto para criar uma base de dados de deepfakes para treinar algoritmos a detectar as manipulações. Em 2020, a tecnológica Microsoft também lançou algumas ferramentas para ajudar a detectar vídeos de acontecimentos fabricados.
Para Tom Graham, a colaboração com a CAA vai permitir mostrar como a ferramenta pode ser útil no ramo das artes, quando bem utilizada. “Com o apoio da CAA e ao trabalhar em projectos como o Here, a Metaphysic está a demonstrar o poder transformador da inteligência artificial para moldar o futuro do entretenimento”, frisou Graham, citado pela Hollywood Reporter. “[A longo prazo a colaboração pode] ajudar as pessoas a criar conteúdos imersivos, gerados por inteligência artificial, enquanto possuem e controlam os seus dados.”