Investidores não querem financiar projectos que preferem remover carbono a reduzir as emissões
Net Zero Asset Owner Alliance quer que os seus membros dêem prioridade a reduzir as emissões a montante, não a investir em soluções para capturar carbono já libertado para a atmosfera.
Um grupo internacional de investidores dedicados às alterações climáticas, que detêm em activos 11 triliões (milhões de milhões) de dólares — qualquer coisa como 10,2 milhões de milhões de euros —, baniu os seus membros de contarem mecanismos de remoção de carbono como parte do caminho rumo às suas metas de redução de emissões antes de 2030. Isto numa altura em que o mercado para as compensações de carbono, que está a crescer rapidamente, vem a ser progressivamente mais escrutinado.
A Net Zero Asset Owner Alliance (NZAOA) disse esta terça-feira que deseja que os seus membros se concentrem, primeiramente, em incentivar as empresas em que investem a reduzir as emissões em todos os sectores, em vez de remover o carbono já emitido através da plantação de grandes quantidades de árvores, por exemplo.
A medida reflecte amplas preocupações sobre a qualidade de alguns mecanismos de remoção de carbono, e também críticas a empresas que compram créditos de carbono em vez de melhorarem as suas pegadas carbónicas. No entanto, colide com a mensagem das Nações Unidas de que as remoções de carbono serão necessárias para travar as alterações climáticas.
A nova política aplica-se aos membros da NZAOA e às empresas em que investem. A longo prazo, a aliança continua a querer que os seus membros invistam no desenvolvimento de um mercado para certificados de remoção de carbono líquido e totalmente responsável.
“Investimentos em remoções de carbono de alta qualidade estimularão a procura e o desenvolvimento do mercado”, disse Jessica Andrews, responsável pela gestão de projectos da NZAOA (e investidora da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas).
Nem todos os investidores apoiam a abordagem. Maria Nazarova-Doyle, da Scottish Widows (empresa escocesa de seguros de vida e pensões), diz que, embora as compensações não sejam um substituto para a acção climática, a responsável consegue ver os benefícios de tomar medidas antecipadamente para direccionar capital para projectos de conservação e natureza.
“Se o assunto tem que ver com proteger florestas, pode ser que cheguemos a 2040/2050 e não haja mais floresta para proteger.”