Trump inicia campanha com acções discretas na Carolina do Sul e New Hampshire
Um número crescente de republicanos eleitos tem manifestado preocupações acerca da capacidade do ex-Presidente dos EUA para derrotar Joe Biden em 2024.
O ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, participou nas primeiras acções de campanha desde que anunciou que quer ser candidato à Casa Branca em 2024, visitando dois dos estados que votam mais cedo e rejeitando as críticas de que o lançamento da campanha tem sido lento.
“Estou mais zangado agora, estou mais comprometido agora do que alguma vez estive”, afirmou Trump perante uma pequena multidão na reunião anual do Partido Republicano de New Hampshire, em Salem, antes de visitar Columbia, na Carolina do Sul, para um evento ao lado da sua equipa de campanha no estado.
Ao contrário dos comícios barulhentos em frente a milhares de seguidores que Trump se habituou a organizar, os eventos de sábado foram claramente silenciosos. Em Columbia, Trump falou para 200 pessoas no edifício do Capitólio estadual, ao lado do governador Henry McMaster e do senador pela Carolina do Sul Lindsey Graham.
Se outrora era o centro de gravidade do Partido Republicano, agora um número crescente de dirigentes eleitos tem manifestado preocupações acerca da sua capacidade para derrotar o Presidente Joe Biden, caso este se decida recandidatar como candidato do Partido Democrata como se espera.
Vários republicanos estão a ponderar lançar as candidaturas próprias à Casa Branca, incluindo o governador da Florida, Ron DeSantis, encarado como a maior ameaça a Trump. Republicanos influentes em ambos os estados visitados pelo ex-Presidente – incluindo o governador de New Hampshire, Chris Sununu, e a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley – estão entre os que planeiam candidaturas próprias.
Notaram-se várias ausências importantes na Carolina do Sul, incluindo a do presidente do partido no estado, cinco congressistas republicanos e o senador Tim Scott, que também tem sido apontado como potencial candidato republicano.
Trump tentou afastar essas preocupações, dizendo aos que o foram ouvir que espera vir a contar com uma onda de apoios adicionais entre os congressistas federais e estaduais da Carolina do Sul nos próximos dias.
Vários congressistas estaduais optaram por não participar no comício depois de não terem obtido a garantia por parte da equipa de Trump de que fazê-lo não os vincularia a um apoio, de acordo com uma fonte próxima da organização.
William Oden, o presidente do Partido Republicano no condado de Sumter, na Carolina do Sul, disse ser um adepto do ex-Presidente, mas pretende manter as suas opções em aberto. “Ainda não decidi”, afirmou Oden. “Estamos à espera até que todos se apresentem. E, tal como faço nos negócios, não faço escolhas antes de ouvirmos todos os candidatos.”
De olho em DeSantis?
Nas duas acções de campanha de sábado, Trump repetiu os temas que animaram a sua campanha de 2016, incluindo críticas duras à imigração ilegal e à China. Mas também salientou questões sociais, provavelmente numa resposta a DeSantis, cuja concentração permanente nas guerras culturais tem ajudado a construir o seu perfil nacional.
Em Columbia, o ex-Presidente posicionou-se contra os direitos das pessoas transgénero e contra o ensino da teoria crítica da raça, um conceito académico outrora obscuro que desencadeou protestos junto de direcções escolares e proibições em alguns estados.
“Vamos travar os racistas radicais de extrema-esquerda e os pervertidos que estão a tentar doutrinar a nossa juventude, e vamos tirar as suas mãos marxistas das nossas crianças”, afirmou Trump. “Vamos derrotar o culto da ideologia de género e reafirmar que Deus criou dois géneros: homem e mulher. Não vamos permitir que homens pratiquem desportos femininos.”
Trump não perdeu muito tempo a falar das suas queixas acerca das eleições de 2020, embora tenha aludido às suas alegações falsas de que a eleição foi roubada, dizendo que foram “ridículas”.
Desde que lançou a sua campanha em Novembro, Trump tem mantido uma postura relativamente apagada. No início de Janeiro, apelou a vários republicanos conservadores na Câmara dos Representantes para que votassem em Kevin McCarthy, seu aliado, para presidente do Congresso. A maioria rejeitou os apelos, embora McCarthy tenha mesmo sido eleito após uma dura batalha.
Trump mantém uma base de apoio significativa, sobretudo entre as bases militantes. Apesar de estar em desvantagem em algumas sondagens que o colocam frente-a-frente com DeSantis, o ex-Presidente vence por margens consideráveis em cenários com uma quantidade maior de candidatos.