FC Porto acaba com a maldição da Taça da Liga
“Dragões” triunfam sobre o Sporting na final em Leiria. “Leões” acabaram com dez devido à expulsão de Paulinho.
Havia um certo sabor a maldição no facto de o FC Porto, um dos “grandes” do futebol português nunca ter conquistado a Taça da Liga em 15 temporadas. Uma maldição que se estendia ao seu treinador, Sérgio Conceição, derrotado em duas finais. Mas esse “zero” no currículo dos “dragões” e de Conceição finalmente desapareceu neste sábado, com o triunfo, por 0-2, sobre o Sporting na final em Leiria, com golos de Eustáquio e Marcano.
Não é o troféu que salva uma época, mas é sempre bom ter mais uma taça no museu e mais uma linha no palmarés. E ganhar uma final é sempre mais saboroso se for contra um rival histórico. E havia uma motivação suplementar diferente para as duas equipas em Leiria: o FC Porto, ainda com todos os objectivos intactos, nunca tinha conquistado a Taça da Liga; o Sporting já tinha vendido a competição por quatro vezes, mas dificilmente teria melhor oportunidade esta época para ganhar alguma coisa.
Em mais um confronto entre Conceição e Amorim (o 12.º), foi o Sporting quem entrou melhor, mais dinâmico, a circular a bola sempre em progressão e a aproximar-se com perigo da baliza mais uma vez guardada por Cláudio Ramos. Marcus Edwards criou logo uma situação perigosa no primeiro minuto, mas a jogada morreu porque Paulinho deixou fugir a bola pela linha de fundo.
Os “dragões” jogavam mais na expectativa, a tentar provocar o erro, mas foi de um erro não forçado que chegaram ao golo logo aos 10’. Pepê fugiu pela direita, conseguiu fazer o cruzamento atrasado e a bola chegou a Stephen Eustáquio. O internacional canadiano ensaiou um remate, que parecia bem ao alcance de António Adán. O espanhol lançou-se, mas as suas mãos que deveriam ser de ferro foram de manteiga e a bola acabou no fundo da sua baliza.
O Sporting pareceu nem ter sentido o golo. Três minutos depois, numa jogada de contra-ataque que envolveu Paulinho, Pedro Gonçalves e Edwards, o britânico aproveitou uma saída em falso de Ramos e fez aquele que parecia ser o golo do empate. Os “leões” ainda festejaram, mas o lance acabaria por ser invalidade por posição irregular do extremo – estava 43 centímetros adiantado quando recebeu a bola.
Bem ancorado na experiência dos seus centrais (Pepe e Marcano têm em conjunto 74 anos), na superioridade numérica do meio-campo e na capacidade dos seus avançados em fazerem pressão alta, o FC Porto conseguiu abrandar a sofreguidão “leonina” em chegar ao golo. Mas não a conseguiu travar.
E o Sporting foi acumulando oportunidades de golo. Aos 24’, Cláudio Ramos conseguiu chegar a um chapéu baixo de Morita, aos 35’, na mesma jogada, Porro acertou na trave e Pedro Gonçalves acertou no poste, aos 42’, Paulinho acertou no guarda-redes em vez de acertar na baliza e, a fechar a primeira parte, Edwards e Porro construíram um ataque que Pepe conseguiu desfazer.
O intervalo chegou numa boa altura para o FC Porto e para Sérgio Conceição ajustar estratégia. E cortou o ímpeto “leonino” em busca do empate. Quando o jogo recomeçou, o equilíbrio de forças já não era o mesmo.
Amorim estava obrigado a arriscar e foi o que fez, com a entrada do ganês Fatawu para o lugar de Nuno Santos, para dar outra velocidade ao flanco esquerdo. O jovem africano acrescentou pouco, também porque os caminhos para a baliza estavam tapados e o jogo foi ficando mais feio e mais quezilento.
Aos 72’, tudo ficou mais difícil para o Sporting, com a expulsão de Paulinho, que viu o segundo amarelo na sequência de um lance com Otávio em que os dois ficaram no relvado – Pepe avançou no terreno para confrontar o avançado do Sporting também acabou no chão, motivando a sanção disciplinar do árbitro João Pinheiro.
A jogarem com menos um, os “leões” perderam capacidade de resposta, enquanto a superioridade numérica deu ainda maior tranquilidade aos “dragões”. Amorim ainda tentou baralhar um pouco as coisas, mas nada do que fez mudou o rumo do jogo. E, já perto do fim, o FC Porto chegou ao 0-2, num belo cruzamento de Pepê que foi ter direitinho à cabeça de Marcano.
À quinta final, a Taça da Liga já não ia fugir ao FC Porto. E o Sporting, que falhou o seu quinto título na competição naquele que foi o último jogo de Pedro Porro com a sua camisola (o dinheiro falou mais alto), dificilmente deverá ganhar algum título em 2022-23.