JMJ: bispo anuncia reunião com autarquia e técnicos para rever altar-palco
“O que é essencial, temos que o fazer, e o que não é essencial, temos de corrigir”, afirmou Américo Aguiar, sobre obra de cinco milhões de euros
O comité organizador da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai reunir-se na próxima semana com os técnicos da autarquia de Lisboa e da Sociedade de Reabilitação Urbana para rever o projecto do altar-palco, informou esta quinta-feira o bispo auxiliar de Lisboa e coordenador geral do Comité Organizador Local (COL), Américo Aguiar.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita do presidente da Assembleia da República à sede da Fundação JMJ, Américo Aguiar adiantou que a reunião deverá realizar-se na próxima semana, sem confirmar a data.
De acordo com o bispo coordenador, o objectivo da reunião é avaliar “o que é essencial e o que não é essencial”.
“O que é essencial, temos que o fazer, e o que não é essencial, temos de corrigir”, afirmou.
Reafirmando aquilo que já tinha dito, em conferência de imprensa, na quinta-feira, Américo Aguiar reconheceu que “o que não devia ter acontecido, aconteceu” e, por esse motivo, a Fundação vai passar a acompanhar “de fio a pavio” os projectos em curso.
“Felizmente, o escrutínio chamou-nos à atenção para fazermos melhor”, sublinhou.
Durante o encontro desta quinta-feira, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, declarou aos jornalistas que não ver “nenhuma contestação social à realização da Jornada Mundial da Juventude”, mas sim “grande júbilo”, destacando o “enorme benefício” que o país vai ter.
Apesar de considerar que um evento desta natureza não deve ser reduzido “à análise de custo-benefício”, o presidente da Assembleia da República foi peremptório: “todas as análises custo-benefício que eu conheço mostram evidentemente um enorme benefício que Portugal vai ter desta realização em todas as dimensões”.
A obra de construção do altar-palco onde o Papa Francisco vai celebrar a missa final vai custar 4,2 milhões de euros à Câmara de Lisboa, numa empreitada atribuída por ajuste directo.
Segundo a informação disponibilizada no Portal Base da Contratação pública, "a construção foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)", somando-se a esse valor "1,06 milhões de euros para as fundações indirectas da cobertura".
Na terça-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referiu que sabia que a construção do altar-palco iria ficar muito cara, acrescentando que será realizada com as especificações indicadas pela Igreja Católica.
Já esta quinta-feira, o Vaticano esclareceu que não tomou parte em qualquer decisão sobre a construção e custo do polémico altar-palco da JMJ 2023, remetendo responsabilidades para a autarquia de Lisboa.
O director do gabinete de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, citado pela Agência Católica de Informação, explicou que "a organização do evento é local" e, por isso, a decisão relativamente ao custo recai sobre a Câmara Municipal de Lisboa.
Questionado sobre a reacção do Vaticano, disse que “a linguagem não é colocar-se à margem, nem passar as culpas” e considerou que “a Santa Sé respondeu o que está certo”.
“Certamente que existe (desconforto), porque todos nós somos feitos com o mesmo barro, inspirados com o mesmo espírito e todos ficamos magoados quando não se faz o mais certo”, acrescentou, esclarecendo que a Fundação não foi questionada pelo Vaticano a propósito do altar-palco.
A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre Julho e Agosto e que em 2023 se realiza em Lisboa.