Elida Almeida veio de longe e canta o muito que andou para aqui chegar

Numa década, Elida Almeida passou do anonimato às ribaltas do mundo e esse caminho retrata-o em Di Lonji, o seu quarto álbum de estúdio.

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Wesley Leite Lopez

O primeiro disco já anunciava ao que vinha. Até o título, Ora Doci Ora Margos (2014), ecoava não só os traços da sua própria vida como da vida, ora doce ora amarga, dos cabo-verdianos. Era sobre isso que lhe interessava escrever, e escreveu, criando as suas próprias canções. “Tudo o que acontece à minha volta eu transformo em música”, dizia Elida Almeida ao Ípsilon em 2015. Anos passados, o mote das suas canções não mudou, mas aprimorou-se. Se em Kebrada (2017), o seu segundo álbum — e terceiro disco, porque antes gravou um EP, Djunta Kudjer —, ela cantava as dores da “violência física e psicológica sobre as mulheres cabo-verdianas, a imigração, as mortes e as famílias destroçadas por confrontos entre gangues rivais”, como escreveu então Gonçalo Frota no Ípsilon, agora o seu olhar tem outros alvos: a difícil sobrevivência das mulheres vendedeiras de rua, o machismo, os abusos que vitimam crianças no meio familiar, a infelicidade das más escolhas, mas também os altos e baixos das relações amorosas, os estereótipos, as belezas do seu país ou a glorificação de mulheres como a sua avó paterna, hoje com 93 anos, símbolo de resistência e de humanidade.

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