Coliseu do Porto recebe 150 espectáculos de música, dança, teatro, circo e ópera
Companhia Nacional de Bailado, mala voadora, Teatro Aberto, Valete, Emicida, Pedro Abrunhosa e Bumba na Fofinha são alguns dos nomes que integram a programação multiforme do Coliseu.
A programação do Coliseu Porto Ageas para 2023 fortalece-se e desdobra-se em concertos, bailados, teatro, ópera, dança, comédia e projectos infanto-juvenis. Ao todo, são 150 espectáculos que visam "dar continuidade às linhas programáticas fundamentais da intervenção" da instituição. O arranque é já esta sexta-feira com A Sagração da Primavera, pela Vortice Dance Company. A companhia portuguesa sediada em Fátima propõe uma abordagem à obra de Stravinsky através da dança, videografia, video mapping e música.
Em comunicado, Mónica Guerreiro, presidente do Coliseu, assinalou a estreia em Portugal da companhia canadiana de circo contemporâneo Les 7 Doigts de la Main, o regresso da Companhia Nacional de Bailado (CNB) e produções nacionais líricas e sinfónicas, várias em estreia absoluta, num total de 13 espectáculos, entre ópera encenada, concertos sinfónicos e coral-sinfónicos, bailados com música ao vivo, teatro musical lírico, ópera electroacústica e ainda um festival de ópera.
"Formulámos para este ano um desejo firme: dar continuidade às linhas programáticas fundamentais da intervenção do Coliseu no tecido cultural e à qualidade do acolhimento das diversas comunidades de públicos e, simultaneamente, afirmar o lançamento de projectos inovadores, cimentando esta relação com as áreas artísticas essenciais dessa missão e incrementando a sua presença ao longo do calendário", explicou Mónica Guerreiro.
Entre os destaques encontram-se Requiem, de Frigyes Hidas, uma estreia nacional a cargo da Banda Sinfónica Portuguesa (28 de Março); Na Colónia Penal, de Philip Glass, influente ópera de câmara aqui dirigida pelo maestro Martim Sousa Tavares (25 de Outubro); Cármen, de Georges Bizet, numa encomenda da sala portuense à Ópera na Academia e na Cidade (22 de Setembro); a estreia de Ópera Real, primeira ópera integralmente produzida pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), com libreto de Jorge Louraço Figueira e música de Telmo Marques, Eugénio Amorim, Carlos Azevedo e Dimitris Andropoulos (22 de Junho); e a estreia absoluta de It's not Over Until the Soprano Dies, da mala voadora com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, em que a companhia de Jorge Andrade e José Capela procura "recriar os finais de óperas em que as personagens femininas morrem sempre" (18 de Novembro).
CNB e Concertos Promenade
Na área da dança, atenções redobradas para a presença em dose tripla da CNB. A 16 de Junho, o programa reúne Symphony of Sorrows, de Miguel Ramalho, com música de Henryk Górecki, e Cantata, peça do coreógrafo italiano Mauro Bigonzetti que teve estreia mundial em Lisboa, em 2001, no Ballet Gulbenkian. A 13 de Outubro é a vez de La Sylphide, de August Bournonville, considerado "o primeiro bailado romântico da história da dança".
Na música, estão agendados concertos de artistas nacionais e internacionais de vários quadrantes, como Xutos & Pontapés, Jorge Palma, Valete, Pedro Abrunhosa, Emicida, Ana Carolina, Martinho da Vila ou The Waterboys. Este ano é também marcado pelo regresso do ciclo Concertos Promenade 2.0. que, com direcção artística do maestro Cesário Costa, inclui obras como As Quatro Estações, de Vivaldi, ou A Minha Mãe Ganso, de Maurice Ravel.
No teatro musical, o Coliseu apresenta, a 25 de Junho, uma versão do Teatro Aberto para The Cradle Will Rock, peça com música de Marc Blitzstein que estreou em 1937, em Nova Iorque, com encenação de Orson Welles. Uma sátira feroz à corrupção e à ganância, iluminada por Bertolt Brecht, e um hino à classe trabalhadora naquela que é uma das principais peças musicais de teatro político escritas nos Estados Unidos.
A programação conta ainda com a stand-up comedy da portuguesa Bumba na Fofinha e do brasileiro Fábio Porchat, concertos nas matinés de domingo, “chás dançantes” pela mão da renovada Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel e o Prémio Jovens Artistas Coliseu Porto Ageas, no valor de 5 mil euros, que será atribuído a um/a profissional da dança - são elegíveis intérpretes, coreógrafos, cenógrafos, produtores ou programadores que tenham até 30 anos.
No início de Fevereiro, Mónica Guerreiro será substituída por Miguel Guedes na presidência da instituição. A escolha do músico portuense, validada pelo Ministério da Cultura e pela presidência da Área Metropolitana do Porto, veio de Rui Moreira, presidente e vereador da Cultura da Câmara do Porto, que decidiu não reconduzir Guerreiro no cargo para o qual foi nomeada por Graça Fonseca em 2020. A ainda presidente soube da notícia pelo PÚBLICO, e diz não ter ficado surpreendida com a decisão.
“É o desfecho esperado desde que, há meio ano, o presidente da Câmara fez constar (mesmo nunca tendo falado comigo) que o trabalho desenvolvido pela actual direcção não era do seu agrado", afirmou ao PÚBLICO. Lamentou ainda não saber quais as “mudanças” que Rui Moreira considerava importantes pôr em marcha, já que o autarca nunca terá concretizado as “críticas às opções ou projectos” da sua programação.