Sanções à Rússia levaram a quebras “visíveis” no comércio com a UE nos últimos meses
A Rússia vale menos de 4% das compras feitas pelos 27 parceiros da UE a países de fora da União.
- Em directo. Siga os últimos desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia
- Guia visual: mapas, vídeos e imagens que explicam a guerra
- Especial: Guerra na Ucrânia
Ao fim de alguns meses, as sanções económicas impostas pela União Europeia (UE) à Rússia começam a fazer-se sentir nas relações económicas com o mercado único. O valor das compras europeias caiu de forma acentuada nalguns bens à medida que as restrições endureceram, fazendo baixar a quota da Rússia no leque de países de fora da UE que vendem a Estados-membros da União.
Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Eurostat mostram que o comércio com a Rússia “foi fortemente afectado” na sequência da invasão russa da Ucrânia e que os efeitos das “restrições à importação e exportação de vários produtos” russos “têm sido particularmente visíveis nos últimos meses”.
Se nos primeiros meses do ano as vendas ao mercado europeu registavam subidas expressivas — chegando a haver aumentos mensais na ordem dos 100%, 78%, 50% e 25%, por causa da escalada dos preços no sector energético, tendo em conta a dependência da Europa no abastecimento de gás natural —, a partir de Setembro a tendência inverteu-se, registando-se quebras nas importações à Rússia.
Primeiro, com as compras a caírem 1% em Setembro face ao mês homólogo; depois, em Outubro, a diminuição foi de 24%; em Novembro, de 26%. Nos três meses, as compras ficaram sempre abaixo de 14 mil milhões de euros.
Tanto as exportações como as importações ficaram “consideravelmente abaixo dos níveis anteriores à invasão da Rússia”, considerando já os valores ajustados de sazonalidade, refere o Eurostat, referindo-se apenas à evolução registada até Setembro, ainda sem contar com os dois meses seguintes, em relação aos quais também já há dados disponíveis.
“A quota da Rússia nas importações extra-UE caiu de 6,4% para 3,8% entre Fevereiro de 2022 e Setembro de 2022. Durante o mesmo período, as exportações extra-UE para a Rússia caíram de 2,3% para 1,1%. O défice comercial da UE com a Rússia atingiu o seu máximo em Março de 2022, com 19,6 mil milhões de euros. Depois diminuiu progressivamente e em Setembro de 2022 cifrou-se em 9,7 mil milhões de euros”, indica o serviço estatístico europeu.
“Quando se analisa a quota da Rússia nas importações extracomunitárias de seis produtos-chave, é visível um forte declínio no carvão, gás natural, petróleo, fertilizantes, e ferro e aço, enquanto no níquel a quota aumentou ligeiramente”, refere o serviço estatístico.
As maiores quedas “foram registadas no carvão (de 45% em 2021 para 13% no terceiro trimestre de 2022), no gás natural (de 36% para 18%), nos fertilizantes (de 29% para 17%) e no ferro e aço (de 16% para 5%)”, indica o Eurostat.
Foi em Outubro que a UE aumentou a lista de produtos sujeitos a restrições (na área militar e tecnológica) e alargou as restrições ao comércio e serviços realizados por entidades russas.
Até agora, a União Europeia já decidiu nove pacotes de sanções à Rússia e estes dados ainda não traduzem todo esse impacto, porque há decisões que são posteriores — por exemplo, o preço máximo para a compra de petróleo transportado por via marítima, nos 60 dólares por barril, só foi aprovada no início de Dezembro, e a proibição do transporte marítimo de petróleo bruto (embora com excepções) só está de pé desde 5 de Dezembro) e a que vigorará para produtos petrolíferos será efectiva a partir de 5 de Fevereiro deste ano.
Só na energia, a UE já proibiu a compra de carvão e de petróleo, proibiu a compra de tecnologias destinadas a servir o sector da refinação e a realização de “novos investimentos nos sectores da energia e da extracção mineira da Rússia”.