Sanções à Rússia levaram a quebras “visíveis” no comércio com a UE nos últimos meses

A Rússia vale menos de 4% das compras feitas pelos 27 parceiros da UE a países de fora da União.

Foto
Navio russo no Porto de Sines, em Março de 2022 TIAGO CANHOTO

Ao fim de alguns meses, as sanções económicas impostas pela União Europeia (UE) à Rússia começam a fazer-se sentir nas relações económicas com o mercado único. O valor das compras europeias caiu de forma acentuada nalguns bens à medida que as restrições endureceram, fazendo baixar a quota da Rússia no leque de países de fora da UE que vendem a Estados-membros da União.

Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Eurostat mostram que o comércio com a Rússia “foi fortemente afectadona sequência da invasão russa da Ucrânia e que os efeitos das “restrições à importação e exportação de vários produtos” russos “têm sido particularmente visíveis nos últimos meses”.

Se nos primeiros meses do ano as vendas ao mercado europeu registavam subidas expressivas — chegando a haver aumentos mensais na ordem dos 100%, 78%, 50% e 25%, por causa da escalada dos preços no sector energético, tendo em conta a dependência da Europa no abastecimento de gás natural —, a partir de Setembro a tendência inverteu-se, registando-se quebras nas importações à Rússia.

Primeiro, com as compras a caírem 1% em Setembro face ao mês homólogo; depois, em Outubro, a diminuição foi de 24%; em Novembro, de 26%. Nos três meses, as compras ficaram sempre abaixo de 14 mil milhões de euros.

Tanto as exportações como as importações ficaram “consideravelmente abaixo dos níveis anteriores à invasão da Rússia”, considerando já os valores ajustados de sazonalidade, refere o Eurostat, referindo-se apenas à evolução registada até Setembro, ainda sem contar com os dois meses seguintes, em relação aos quais também já há dados disponíveis.

“A quota da Rússia nas importações extra-UE caiu de 6,4% para 3,8% entre Fevereiro de 2022 e Setembro de 2022. Durante o mesmo período, as exportações extra-UE para a Rússia caíram de 2,3% para 1,1%. O défice comercial da UE com a Rússia atingiu o seu máximo em Março de 2022, com 19,6 mil milhões de euros. Depois diminuiu progressivamente e em Setembro de 2022 cifrou-se em 9,7 mil milhões de euros”, indica o serviço estatístico europeu.

“Quando se analisa a quota da Rússia nas importações extracomunitárias de seis produtos-chave, é visível um forte declínio no carvão, gás natural, petróleo, fertilizantes, e ferro e aço, enquanto no níquel a quota aumentou ligeiramente”, refere o serviço estatístico.

As maiores quedas “foram registadas no carvão (de 45% em 2021 para 13% no terceiro trimestre de 2022), no gás natural (de 36% para 18%), nos fertilizantes (de 29% para 17%) e no ferro e aço (de 16% para 5%)”, indica o Eurostat.

Foi em Outubro que a UE aumentou a lista de produtos sujeitos a restrições (na área militar e tecnológica) e alargou as restrições ao comércio e serviços realizados por entidades russas.

Até agora, a União Europeia já decidiu nove pacotes de sanções à Rússia e estes dados ainda não traduzem todo esse impacto, porque há decisões que são posteriores — por exemplo, o preço máximo para a compra de petróleo transportado por via marítima, nos 60 dólares por barril, só foi aprovada no início de Dezembro, e a proibição do transporte marítimo de petróleo bruto (embora com excepções) só está de pé desde 5 de Dezembro) e a que vigorará para produtos petrolíferos será efectiva a partir de 5 de Fevereiro deste ano.

na energia, a UE já proibiu a compra de carvão e de petróleo, proibiu a compra de tecnologias destinadas a servir o sector da refinação e a realização de “novos investimentos nos sectores da energia e da extracção mineira da Rússia”.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários