Mãe e filho vivem na praia de Matosinhos há quatro meses
Família foi despejada de apartamento em Vila Nova de Gaia, no final de Julho. Autarquia diz ao PÚBLICO que foi proposto alojamento temporário para mãe e filho.
Mãe e filho estão, há quatro meses, a viver numa tenda na praia de Matosinhos. Amélia Ferreira e Daniel Tato foram despejados da casa em Vila Nova de Gaia, que habitaram durante quase 17 anos, após a morte do senhorio. O caso foi revelado esta segunda-feira pelo Correio da Manhã, com a autarquia de Matosinhos a garantir ao PÚBLICO que está, juntamente com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a tentar arranjar uma solução definitiva para a família, detalhando que já foi proposta a hipótese de integração em alojamento temporário.
Aos 66 anos, Amélia recebe cerca de 500 euros de reforma e pensão de viuvez. O filho, 44 anos e actualmente em situação de desemprego, recebe 189 euros mensais de rendimento mínimo. Estiveram mais de década e meia no mesmo apartamento em Vila Nova de Gaia, mas, descreve o Correio da Manhã, a herdeira do imóvel colocou uma acção de despejo à família após a morte do senhorio, mas não são adiantados os motivos do processo judicial, que terá tido um desfecho negativo para os inquilinos. Ficaram sem tecto no final de Julho.
Em esclarecimento enviado ao PÚBLICO, a Câmara Municipal de Matosinhos confirma que mãe e filho têm pernoitado desde Agosto na praia de Matosinhos, detalhando que a família recebe apoio alimentar e de higiene no Lar de Santana. Deixaram Gaia após ficarem sem casa, mas novas contrariedades impediram a obtenção de novo porto de abrigo.
"Informaram que são naturais de Matosinhos e que, após o despejo, decidiram voltar à cidade natal para procurar apoio familiar, o que não foi obtido em razão de dificuldades económicas da família e ainda por desavenças", detalha a autarquia.
Estão em lista de espera para a candidatura à habitação social em Gaia, com 700 casos à sua frente. Terá sido proposta a integração em alojamento temporário, algo que foi recusado, diz a autarquia, pela falta de privacidade e desejo de habitação social.
“Apesar de lhes ter sido explicado que a resposta de habitação social é demorada e que as condições [dos alojamentos temporários] são bastante satisfatórias, permaneceram na sua decisão”, esclarece a autarquia ao PÚBLICO.
"Estamos com a vida suspensa. Eu estou em idade activa, mas, a viver numa tenda, não tenho condições de me apresentar dignamente num emprego", lamenta o filho, em declarações ao Correio da Manhã. A mãe diz que as parcas condições financeiras impedem novo arrendamento. "Não tenho possibilidade de pagar o que podem por um quarto ou uma casinha", queixa-se Amélia Ferreira.
O objectivo actual é auxiliar a família no arrendamento de um quarto e na obtenção de um emprego para Daniel. A autarquia confirma que o homem está já inscrito no na Loja do Emprego da Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos.