Dezenas de menores requerentes de asilo alojados num hotel em Brighton sob gestão do Ministério do Interior britânico terão sido sequestrados nos últimos meses, revelou este domingo uma investigação jornalística do semanário britânico The Observer.

Cerca de 600 menores não acompanhados passaram pelo hotel no condado de Sussex nos últimos 18 meses e foram reportados 136 desaparecimentos. Mais de metade, 79, continua desaparecida.

Segundo avança a Europa Press, citando o semanário (publicação do jornal inglês The Guardian)​, alguns desses menores são sequestrados por redes criminosas.

De acordo com o testemunho de um funcionário da Mitie, uma empresa de gestão de instalações e propriedades, subcontratada pelo Ministério do Interior, e também de acordo com fontes dos serviços de protecção de menores, as crianças são sequestradas em plena rua e metidas dentro de carros.

“Os menores são literalmente raptados em frente ao edifício. Desaparecem e nunca mais são encontrados. Os traficantes levam-nos em plena rua”, afirmou uma das fontes ouvidas.

A polícia alertou reiteradamente o Ministério do Interior sobre a vulnerabilidade dos menores alojados no hotel depois de chegarem ao Reino Unido, sem nenhum tipo de protecção contra as redes criminosas.

A fonte da Mitie descreveu como viu menores que eram levados de um hotel similar de Hythe, Kent, gerido pelo Ministério do Interior, e estima que a cada semana desapareçam cerca de 10% dos menores nestas instalações.

O jornal destaca que a proporção de crianças que são raptadas por elementos criminosos é difícil de quantificar e ressalva que, segundo as fontes ouvidas, alguns dos desaparecidos poderão estar a salvo, tendo-se ausentado para se juntarem a familiares ou amigos.

A porta-voz de assuntos domésticos do Partido Trabalhista, Yvette Cooper, qualificou a notícia como “verdadeiramente horrorosa e escandalosa” e pediu ao Governo que informe quantos menores desapareceram e o que está a ser feito para encontrá-los.

A ministra do Interior, Suella Braverman, “fracassou, apesar dos avisos reiterados que recebeu sobre a protecção absolutamente desadequada de menores”, criticou Cooper.

“É uma absoluta negligência dos deveres do Ministério do Interior, uma falha colossal na protecção e segurança dos menores e na perseguição às perigosas redes que os colocam num risco terrível”, acrescentou.

Segundo os dados oficiais, os menores não acompanhados passam em média 16,5 dias nos hotéis geridos pelo Ministério do Interior antes de serem atendidos pelos serviços sociais municipais de todo o país.