Hipkins substitui Ardern, “uma das maiores primeiras-ministras da Nova Zelândia”
Ex-ministro responsável pela resposta à pandemia foi eleito líder do Partido Trabalhista. Sepuloni, de ascendência samoana e tonganesa, será vice-primeira-ministra.
O Partido Trabalhista da Nova Zelândia confirmou neste domingo a escolha de Chris Hipkins para líder do partido e próximo primeiro-ministro do país. O ex-ministro da resposta à pandemia de covid-19 vai substituir a carismática Jacinda Ardern, que anunciou a demissão na semana passada, justificando a decisão com o desgaste físico e psicológico que o exercício do cargo lhe causou.
“Chippy” Hipkins, de 44 anos, vai assumir oficialmente o novo cargo na próxima quarta-feira, depois de Ardern formalizar a sua renúncia junto da governadora-geral da Nova Zelândia, Cindy Kiro, representante do rei britânico Carlos III na antiga colónia.
Para além de ter sido ministro da resposta à covid-19, entre Novembro de 2020 e Junho do ano passado – um cargo ministerial criado especialmente para o combate à pandemia no território, considerado um dos mais eficazes a nível mundial –, Hipkins foi ministro da Saúde (2020) e exercia, desde 2017, quatro cargos acumulados: líder da Câmara dos Representantes, ministro da Educação, ministro da Polícia e ministro dos Serviços Públicos.
Candidato único à liderança do Labour e à chefia do Governo, garantiu, neste domingo, que ser primeiro-ministro da Nova Zelândia será “o maior privilégio e a maior responsabilidade” da sua vida.
No primeiro discurso depois da votação partidária, dedicou elogios a Jacinda Ardern, que descreveu como “uma das maiores primeiras-ministras da Nova Zelândia”, mas também alertou para a forma “absolutamente hedionda” como foi tratada por “alguns segmentos da sociedade” neozelandesa.
“A liderança de Jacinda foi uma inspiração para as mulheres e as raparigas em todo o mundo. Mas é também um lembrete de que ainda temos um longo caminho a fazer no que toca a garantir que as mulheres em posições de liderança recebem o mesmo respeito que os seus homólogos masculinos”, disse Hipkins.
Altamente popular durante grande parte dos dois mandatos que exerceu – particularmente devido à forma empática como lidou com o atentado terrorista de Christchurch (2019) e ao combate eficaz do Governo à covid-19 –, a primeira-ministra demissionária está em queda nas sondagens, em grande medida por causa do aumento do custo de vida, da inflação elevada e da sua incapacidade para avançar com as reformas prometidas, nomeadamente no sector da habitação.
Com eleições legislativas agendadas para o dia 14 de Outubro, Chris Hipkins tem uma difícil missão pela frente para evitar o regresso ao poder dos conservadores do Partido Nacional.
“Assumo este cargo num momento difícil para os neozelandeses”, assumiu neste domingo. “A covid-19 e a pandemia criaram uma crise sanitária, que agora criou uma [crise] económica. E será nesta [crise] que o meu Governo se irá focar.”
A primeira grande decisão política anunciada por Hipkins foi a escolha de Carmel Sepuloni para sua vice-primeira-ministra. A ministra da Cultura e do Desenvolvimento Social será a primeira pessoa de ascendência pasifika a exercer o cargo. Com 46 anos de idade, Sepuloni é descendente de tonganeses e de samoanos, dois povos indígenas das ilhas do Pacífico.
“É muito difícil imaginar como uma rapariga das classes trabalhadoras de Waitara [na ilha do Norte], que se tornou westie [dos arredores da cidade de Auckland], pode vir a ser vice-primeira-ministra da Nova Zelândia”, reagiu Sepuloni.
“Quero salientar a importância disto para a nossa comunidade do Pacífico”, escreveu no Twitter. “Sou uma samoana, tonganesa e neozelandesa europeia e represento gerações de neozelandeses que têm uma mistura de heranças.”