Afonso faz ecos de tudo — e o Eco Man ficou viral (outra vez, “ez”, “ez”)

Começou a fazer vídeos de ecos e beatbox em 2013 e, nos últimos dias, ficou novamente viral. Tem milhões de visualizações e milhares de encomendas, mas tudo isto não passa de um hobbie.

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Afonso faz ecos de tudo: depois de terem partilhado um vídeo, o Eco Man ficou viral Afonso Rodrigues

Afonso Rodrigues tinha sete anos quando ficou preso num poço. Os pais conseguiram salvá-lo, mas o trauma fez com que saísse com a voz a tremer e conseguisse reproduzir o som do eco em tudo o que dizia.

Nesta altura, “Roberto” era a palavra que mais lhe pediam para dizer. Mais tarde, já com a voz restabelecida, descobriu o beatbox e tornou-se no Eco Man, figura conhecida em Portugal há vários anos graças à participação em programas de talentos e que voltou a ficar viral nos últimos dias, no Instagram e no TikTok.

Com a voz, Afonso consegue reproduzir seis tipos de eco: "o eco microfone, microfone de dois cortes, montanha, fantasma, mola e boomerang", descreve. De todos eles, "o eco mola é o mais difícil", começa por explicar ao P3, acrescentando que exige que imite este som com a língua e fale ao mesmo tempo. "Fácil"? Não é nenhum.

@ekoman84 Respondendo a @karenlorraine12 ? som original - Afonso Rodrigues

Para fazer o "eco microfone", por exemplo, repete a mesma palavra três vezes, vai falando cada vez mais baixo e “mudando o tom de voz para dar diferentes efeitos”. “O eco fantasma é só com ar, ou seja, não usa cordas vocais e o que faço é encher o peito de ar e começar a falar. Tem bastante sucesso no TikTok, principalmente à noite”, revela o imitador de 38 anos. No "boomerang", como o nome indica, o som da palavra sai-lhe da boca e depois regressa em câmara lenta. O segredo está nos tempos.

Com o beatbox, explica, é um pouco mais simples: basta não saber a letra da música, reproduzir o som da canção com o nariz e juntar-lhe os estalidos com a língua.

Da Madeira para a Ellen

No início, só os amigos lhe conheciam esta habilidade, até que em 2013 ganhou coragem para partilhar um vídeo no YouTube, que se tornou viral: nele, apenas gritava "Joana" em eco numa montanha, na Madeira, onde nasceu. Depois, começou a fazer beatbox com as músicas que lhe pediam nas redes sociais. Bryan Adams, Backstreet Boys, Michael Jackson, Frank Sinatra, Quim Barreiros e José Cid são alguns dos artistas presentes no seu alinhamento. “Ainda vou fazer a nova música da Shakira, mas já fiz outras antigas”, recorda, antes de começar a fazer beatbox ao telefone com a música Suerte (Whenever, Wherever).

Até 2021, participou em concursos de talentos em Portugal, Reino Unido, Polónia e Alemanha e em todos eles chegou à semifinal. Além disto, foi convidado para ir ao Japão e ao programa da apresentadora norte-americana Ellen DeGeneres.

Neste momento tem mais de 160 mil seguidores de vários países no TikTok e outros milhares no Instagram. Viu a conta crescer na última semana, quando um utilizador partilhou uma antiga entrevista sua e o humorista César Mourão disse que gostaria de o conhecer. Respondeu-lhe em texto e depois gravou uma mensagem de voz em eco. "Foi a partir daqui que tudo rebentou e em 24 horas tinha mais de mil seguidores no Instagram”, conta.

Afonso admite que o facto de ter ficado outra vez viral depois de tantos anos o impressionou, mas produzir novos conteúdos para as redes sociais não é muito difícil. Ideias não lhe faltam, assim como os pedidos na caixa de mensagens que, por dia, chegam aos dois mil. “Comecei a ser um pouco mais criativo com os vídeos e a fazer mais coisas diferentes sem ser só o eco. Por exemplo, se for o aniversário de alguém, faço beatbox com a música de parabéns.”

No TikTok, em poucos dias alcançou milhões de visualizações (e chegou até a pensar que a conta tinha sido hackeada), está nas tendências e já até há quem faça danças com os conteúdos que produz. Tem seguidores do Brasil, Uruguai, Paraguai, México, Panamá, Itália, Espanha, França ou Alemanha, mas tudo isto não passa de um passatempo sem rentabilidade financeira, diz. Na verdade, os dias do Eco Man são passados a trabalhar numa empresa de mercado digital, no Reino Unido. Quanto a ideias para o próximo vídeo, só tem de responder a um dos 33 mil pedidos que tem na caixa de mensagens.

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