São muitos os seres que coabitam na Península Ibérica e que raramente vemos em pleno esplendor. O documentário Montado – O Bosque do Lince-Ibérico dá-nos um vislumbre dessa biodiversidade que se esconde na tranquilidade destas paisagens de Portugal e Espanha. A estreia na televisão estava marcada para esta sexta-feira.
Depois de se ter estreado só em algumas salas de cinema em Agosto, o documentário Montado – O Bosque do Lince-Ibérico chega agora à televisão: estreou-se no canal TVCine Edition nesta sexta-feira, 20 de Janeiro, pelas 22h. Fica também disponível no dia seguinte na plataforma TVCine+.
Montado foi o 17.º filme nacional mais visto no país em 2022, segundo os dados disponibilizados pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) referente às estreias nacionais de 2022. Desde 11 de Agosto, data em que se estreou, o documentário teve 192 vezes sessões em salas de cinemas portuguesas e foi visto por 3157 espectadores, com uma receita que ronda os 15.478 euros, de acordo com os mesmos dados do ICA.
Este é o documentário mais caro de Portugal, revelavam os dados fornecidos em Agosto pela distribuidora Zero em Comportamento: foram cerca de quatro milhões de euros investidos na sua realização. O documentário filmado entre Portugal e Espanha é, na sua versão portuguesa, narrado pela actriz Joana Seixas.
Os linces-ibéricos
Ainda que os linces-ibéricos sejam chamados para protagonizar o título da longa-metragem, a maioria do tempo de filme não é sobre eles: é um filme dedicado ao montado alentejano e espanhol e à vida que lá se esconde.
Há linces-ibéricos, sim, mas também se conta a história de lontras, raposas, guarda-rios e de árvores como o sobreiro – com imagens que invocam um lugar mágico. “O montado é possivelmente o lugar com mais biodiversidade da Europa e que é exclusivo da Península Ibérica”, contava o realizador Joaquín Gutiérrez Acha em Agosto, ao PÚBLICO.
Uma das espécies mais emblemáticas dessa diversidade é o lince-ibérico. Este animal ficou quase extinto na viragem do milénio (havia menos de 100 linces entre Portugal e Espanha), mas a situação tem melhorado. Os esforços de conservação em torno desta espécie fazem com que haja agora mais de 1300 linces-ibéricos na península, com 15% deles a morarem em Portugal. Só em 2021 nasceram 70 crias em solo nacional e 430 em Espanha.
Ainda assim, não foi fácil “apanhar” os linces nas filmagens deste documentário: “É muito difícil encontrar os linces porque se escondem de nós, mas também porque são muito poucos”, explicava, em Agosto, o realizador de 63 anos. “Podemos estar semanas e semanas à espera deles, são muito esquivos.” Mas, quando o conseguem, as imagens fazem compensar a espera. E “é um animal que tem uma importância tremenda”, considera o realizador espanhol.
Apresentadas as criaturas que povoam estas terras ibéricas, são também expostas as ameaças que enfrentam: a seca, a destruição de habitat, as pragas e as alterações climáticas.
Este filme surge precisamente na sequência da candidatura do montado a património mundial da UNESCO. As planícies onduladas pintalgadas com sobreiros e azinheiras estão inscritas como paisagem cultural na lista indicativa portuguesa.
O documentário foi produzido pela Ukbar filmes, em co-produção com La Dehesa Producciones, Wanda Films e Wanda Visión, com a participação da RTP e com o financiamento do Governo de Espanha e o Instituto de Cinematografia e Artes Audiovisuais de Espanha, assim como da República Portuguesa, do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e do Pic Portugal.
Este filme, que já se tinha estreado em Espanha em 2020, enquadra-se numa trilogia com outros habitats representativos da Península Ibérica: antes, o realizador espanhol explorou as regiões de Guadalquivir (2013) e Cantábrico (2017), nomeados para os Prémios Goya de cinema espanhol de Melhor Documentário.
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