Todos os sábados de manhã, Laura Lyster-Mensh, doula da morte, reúne pessoas no Cemitério do Congresso, em Washington, nos Estados Unidos, para uma actividade nova: praticar a morte.
Nos Dias da Doula da Morte, os participantes deitam-se numa cama improvisada e o grupo de cânticos local Threshold Choir dedica-lhes uma música.
Além disto, Laura incentiva as pessoas a falar abertamente sobre este tema, enquanto escrevem os seus próprios obituários, assistem a palestras, jogam às cartas ou simplesmente comem bolo.
“Parece que a nossa cultura tem muito medo da morte, e isso não é bom para a vida. A ideia é reunirmo-nos e termos conversas corajosas sobre a morte, e depois aproveitar a vida”, revela ao jornal Washington Post.
Para Laura, que exerce esta profissão há cerca de um mês, incentivar as pessoas a escrever obituários é uma forma de se conhecerem melhor e decidirem se há algo que querem mudar na vida.
Além disto, as doulas da morte também acompanham as pessoas nos seus últimos dias em casa ou nas unidades e cuidados paliativos, como é o caso de Laura. Há quem ligue para familiares para se despedirem, reflicta sobre a vida e eventuais arrependimentos ou opte por não fazer nada. Contudo, também há quem não queira falar e, nesses casos, Laura está lá apenas para dar a mão.
A doula espera que estes encontros no cemitério incentivem os participantes a não deixarem que a morte interfira na forma como encaram a vida e a viverem uma com mais propósito. “Eu sei que parece ser sobre a morte, mas na verdade sobre a vida”, conclui.
O primeiro programa de formação de doulas da morte ou de fim de vida surgiu em 2003 nos Estados Unidos e, em Portugal, arrancou em 2019. O trabalho destas pessoas não tem como objectivo substituir os profissionais de saúde, mas antes garantir apoio físico, emocional e psicológico.