Novo ministro da Defesa alemão promete manter apoio à Ucrânia

Mantém-se a dúvida sobre se Berlim irá viabilizar o envio de tanques Leopard para a Ucrânia. Depois de tomar posse, Pistorius encontrou-se com Lloyd Austin.

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Boris Pistorius tomou posse como ministro da Defesa alemão CLEMENS BILAN / EPA

O novo ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, teve a sua primeira prova de fogo poucas horas depois de tomar posse, num encontro esta quinta-feira com o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, marcado pela pressão crescente sobre Berlim para fornecer carros de combate à Ucrânia.

Em Berlim, na cerimónia de tomada de posse, Pistorius concentrou-se na invasão russa da Ucrânia e prometeu manter a ajuda às autoridades de Kiev. “Estes não são tempos normais, temos uma guerra a ser travada na Europa. A Rússia está a travar uma guerra brutal de aniquilação de um país soberano na Ucrânia”, declarou Pistorius.

O novo ministro substitui Christine Lambrecht, que se demitiu no início da semana depois de ser alvo de intensas críticas por parte da oposição que a acusava de ser incapaz de levar a cabo as reformas necessárias para o reforço do Exército alemão. A guerra na Ucrânia levou Berlim a operar uma viragem histórica na sua postura anti-militarista em vigor desde o fim da II Guerra Mundial e a anunciar um reforço sem precedentes no orçamento de defesa.

“A nossa missão é fortalecer as Bundeswehr [Forças Armadas], trata-se de dissuasão, eficácia e prontidão, e é também continuar a apoiar a Ucrânia, também com equipamento das Bundeswehr”, afirmou Pistorius.

O papel da Alemanha no apoio à Ucrânia tem estado sob forte escrutínio nos últimos tempos. Kiev, bem como os seus aliados mais próximos, tem insistido na necessidade de as suas forças militares serem equipadas com carros de combate Leopard, de fabrico alemão. No entanto, Berlim tem mostrado relutância não só em fornecer directamente estes veículos como em autorizar que os Leopard vendidos a outros países europeus sejam enviados para a Ucrânia.

À Reuters, uma fonte do Governo alemão disse que as objecções ao envio de Leopards para a Ucrânia seriam retiradas se os EUA concordassem em fornecer os seus próprios tanques, do modelo Abrams. No entanto, Washington tem afastado essa possibilidade, dizendo que o treino para os operar é complexo e que os motores utilizam grandes quantidades de combustível.

Antes do encontro entre Pistorius e Austin, os dois responsáveis não mencionaram directamente a controvérsia em torno do envio de tanques, preferindo sublinhar o esforço no apoio à Ucrânia. “Quero agradecer ao Governo alemão por tudo aquilo que tem feito para fortalecer a capacidade de defesa da Ucrânia”, afirmou o secretário da Defesa norte-americano, que designou a Alemanha como “um dos aliados mais importantes” dos EUA.

Pistorius reiterou que Berlim mantém-se disposto a apoiar a Ucrânia “na sua luta pela liberdade e pela soberania e independência territorial”.

Na sexta-feira, Austin e Pistorius voltam a estar juntos num encontro entre responsáveis da Defesa de dezenas de países aliados da Ucrânia na Base Aérea de Ramstein para debater os próximos passos na ajuda militar concedida a Kiev. Há várias promessas de pacotes ambiciosos, incluindo um novo pacote norte-americano no valor de dois mil milhões de dólares (1,85 mil milhões de euros), mas há dúvidas sobre se haverá algum acordo quanto ao envio dos tanques pesados pedidos por Kiev.

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