Andy Murray ainda dura e dura e dura…
No final da épica segunda eliminatória, o tenista britânico não poupou críticas à organização do Open da Austrália.
Quando pediram a Andy Murray para explicar como é conseguia ganhar encontros tão longos e após perder os dois primeiros sets, a resposta foi sucinta: “Tenho um grande coração.” Ao longo das cinco horas que passou com Thanasi Kokkinakis no court, o britânico de 36 anos mostrou também ter ainda pernas e uma enorme vontade de competir e ganhar, fazendo lembrar o antigo anúncio de pilhas da década de 80 que ficou gravado na memória de muitos (e ainda dura).
Nas bancadas, a mãe, Judy, aplaudia em lágrimas. E não foi a primeira vez a que assistiu a uma tal façanha do filho, nem a segunda ou terceira, mas sim a 11.ª. Murray é um jogador no activo com mais recuperações de 0-2 em sets, à frente de Fabio Foginini (10), Marin Cilic (8) e Novak Djokovic (7).
O épico confronto com o australiano Kokkinakis (159.º mundial) foi presenciado ao vivo por centenas de adeptos que resistiram até às 4h05 da manhã – o segundo final mais tardio na história do Open, atrás do duelo de 2008, entre Lleyton Hewitt e Marcos Baghdatis, concluído às 4h34.
No final e embora muito cansado, Murray foi muito duro para com a organização. “Isto é benéfico para quem? É isso que devemos discutir e não o encontro que acaba por ser uma farsa. Espantosamente, as pessoas ficaram até ao fim e criaram ambiente, o que eu agradeço. Mas se o meu filho fosse apanha-bolas no torneio e chegasse a casa às cinco da manhã, passava-me com isso”, desabafou Murray aos jornalistas, na conferência de imprensa improvisada num corredor da Margaret Court Arena.
“Não é benéfico para eles, para os árbitros, não penso que seja fantástico para os fãs. E não é bom para os jogadores”, frisou o ex-número um mundial e actual 66.º, após a vitória, por 4-6, 6-7 (4/7), 7-6 (7/5), 6-3 e 7-5, ao fim de cinco horas e 50 minutos de jogo.
Dois primeiros eliminados
Foi o mais longo encontro na carreira do escocês, o segundo mais longo na história do Open da Austrália – três minutos menos que a final de 2012, entre Novak Djokovic e Rafael Nadal – e o sexto mais longo registado em torneios do Grand Slam.
Esta foi também a segunda vez que Murray ganhou consecutivamente dois encontros em cinco sets; a anterior teve lugar em Roland Garros, em 2016, ano em que disputou a final do Open australiano pela quinta e última vez. E continua a ser o tenista que nunca venceu o torneio com mais encontros ganhos no Open da Austrália: 51.
Um dia depois da eliminação de Rafael Nadal, o Open da Austrália perdeu Casper Ruud, eliminado pelo norte-americano Jenson Brooksby, e desde 2002 que os dois primeiros cabeças de série não eram afastados antes da terceira ronda.
Já Murray segue em frente e o seu terceiro adversário é o espanhol Roberto Bautista Agut, o mesmo que o derrotou em Melbourne em 2019, em quatro horas e cinco sets, naquele que o britânico pensava ser o último encontro da carreira. Até realizar a milagrosa operação e colocarem-lhe uma anca de metal.