Prevenção Rodoviária sugere velocidades inferiores a 30 km/h em bairros residenciais
Esta diminuição deve ser acompanhada de “medidas físicas de acalmia de tráfego”, sugere José Trigoso.
O presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) defendeu nesta terça-feira uma redução da velocidade máxima nos bairros residenciais das cidades para 30 quilómetros por hora, mas "não vê razão" para aplicar essa diminuição nas principais vias de trânsito.
Em declarações à Lusa, depois de moderar um painel do seminário "Mobilidade Activa: Futuro em Segurança", que decorre nesta terça-feira em Lisboa, José Trigoso considerou que a redução da velocidade para 30 quilómetros/hora dá segurança aos condutores e aos utilizadores da via pública.
"Não estou a falar de 30 quilómetros/hora na Avenida da República [em Lisboa], mas nas [vias] transversais, em que só há uma via de trânsito em cada sentido", exemplifica José Trigoso, acrescentando que esta redução permite ao condutor "parar o carro de acordo com as condições de visibilidade".
Esta diminuição deve ser acompanhada de "medidas físicas de acalmia de tráfego", sugere José Trigoso, que acredita ser possível conduzir com maior velocidade nas principais vias de escoamento em Lisboa.
"Nessas [vias] não há razão nenhuma para reduzir a velocidade. Em algumas delas até há razão para aumentar", defende, sugerindo, no entanto, que tal não deve acontecer se houver "algum ponto específico que aconselhe a isso".
O presidente da PRP considera ainda necessário realizar auditorias de segurança rodoviária a projectos de vias urbanas, que permitam detectar "falhas" a fim de serem "alteradas".
Sobre o acordo entre a Câmara Municipal de Lisboa e os operadores privados de trotinetes, assinado este mês, e que prevê pontos de estacionamento próprios obrigatórios e um limite de velocidade de 20 quilómetros/hora para estes veículos, José Trigoso felicita o protocolo.
Na opinião da PRP, deveria ser inscrito no Código da Estrada uma idade mínima para condução de veículos de mobilidade suave, defendendo um mínimo de 14 anos para circular em ciclovias, por exemplo.
Após discursar no início do seminário, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, admitiu uma revisão ao Código da Estrada (CE), salientando os poderes dos municípios para regular a velocidade e o estacionamento das trotinetes.
"Vamos aguardar pelas conclusões das audições que estão a ser feitas", disse o ministro aos jornalistas, sublinhando que os resultados permitirão perceber se as alterações ao CE são ou não "uma necessidade".
A convivência e a segurança de diferentes modos de transportes no território, como automóveis, transportes públicos, bicicletas e trotinetes, tem sido um dos temas em discussão no seminário "Mobilidade Activa: Futuro em Segurança", que se realiza ao longo do dia de hoje em Lisboa, numa organização do Ministério da Administração Interna (MAI) e da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Num dos painéis, o vice-presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, Mário Meireles, classificou, com um tom mais crítico, a regulação de trotinetes como uma "hipocrisia", comparando a dimensão do estacionamento indevido de automóveis em passeios e os números da sinistralidade rodoviária provocada por carros com os problemas causados pelas trotinetes.