PRR: acervo cinematográfico da Cinemateca estará digitalizado até 2026

Meta inicial previa a conclusão da operação em 2025. Contratos de aquisição de projectores digitais para a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses avançam esta semana, anunciou ministro da Cultura.

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António Costa e Pedro Adão e Silva visitaram o Arquivo Nacional de Imagens em Movimento, em Bucelas TIAGO PETINGA/Lusa

O ministro da Cultura anunciou esta terça-feira que todo o património cinematográfico português à guarda da Cinemateca estará digitalizado até 2026, processo que será acompanhado pela modernização dos equipamentos da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses.

A informação foi prestada por Pedro Adão e Silva no final de uma visita ao Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM) da Cinemateca Portuguesa, em Bucelas, em que esteve presente o primeiro-ministro, António Costa. O prazo inicialmente apontado para a conclusão desta operação era 2025.

"Estamos aqui perante um investimento muito forte, muito significativo e sem precedentes no que respeita à preservação da história do cinema português. São mil filmes que vão ser digitalizados até 2026", salientou.

De acordo com Pedro Adão e Silva, já foram até ao momento digitalizados 103 filmes e o investimento total previsto será superior a oito milhões de euros, verba à qual se junta um milhão de euros para a modernização do ANIM.

"No final de 2026, todo o património cinematográfico português à guarda da Cinemateca estará digitalizado", assinalou, antes de advertir que o património não pode ser encarado como "um arquivo morto".

"Esta digitalização aqui em curso vai coexistir com a modernização e a expansão da rede de teatros e cineteatros. Haverá uma modernização de equipamentos que permitirá que as pessoas vejam os filmes que estão a ser digitalizados", completou o titular da pasta da cultura.

Na sua intervenção, o ministro da Cultura considerou que a evolução a nível mundial "torna ainda mais premente o investimento público no estímulo ao cinema".

"O programa orçamental da cultura de 2022 para 2023 cresceu em 23%. E no que respeita aos apoios ao cinema e ao audiovisual, esse crescimento ainda é mais significativo: uma variação de 44%, mais dez milhões de euros", especificou.

Do ponto de vista político, Pedro Adão e Silva insistiu que "a democratização é um eixo fundamental da estratégia de cultura".

"Temos barreiras que criam desigualdades ao nível da fruição cultural em Portugal —​ barreiras que têm uma dimensão socioeconómica, mas outras que têm uma dimensão geográfica. Quebrar essas barreiras é quebrar a desigualdade no acesso à cultura. De certa forma há uma feliz coincidência entre a digitalização do património do cinema português e um outro investimento importante do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) relativo à aquisição de projectores digitais para a rede de teatros e cineteatros", apontou.

Relativamente a este último programa, Pedro Adão e Silva adiantou que os contratos serão anunciados esta semana.

O primeiro-ministro disse depois que nestes investimentos estarão compreendidas medidas de eficiência energética e de digitalização, que permitirão designadamente "dotar 155 salas do país com equipamento para projecção digital".

"Um projecto que casa com este que está em curso relativo à digitalização do cinema português. Com esse investimento permite-se a projecção digital, mas também a transmissão em streaming de espectáculos que estejam a ser realizados ao vivo nas artes performativas, como o bailado, música ou teatro", acrescentou António Costa.

A descentralização da cultura, defendeu Pedro Adão e Silva, poderá ter "um efeito multiplicador".

"Se mais pessoas lerem livros, virem filmes, bailado, teatro ou ópera, a possibilidade de termos mais realizadores, actores, encenadores, bailarinos e artistas será tanto maior. Se a oferta cultural se democratizar, se chegar a mais amplas camadas sociais, no futuro isso traduzir-se-á numa criação mais plural, reflectindo de forma mais rica a diversidade do país e das experiências contemporâneas da sociedade portuguesa", defendeu o membro do executivo.