Greta Thunberg libertada após breve detenção pela polícia num protesto na Alemanha
A activista sueca foi detida enquanto protestava em Lützerath, tendo sido libertada pouco depois. A localidade alemã está em vias de ser demolida, de modo a permitir a expansão de uma mina de carvão.
Greta Thunberg foi detida esta terça-feira durante os protestos contra a demolição da localidade alemã de Lützerath. Segundo informações da polícia citadas pela agência Reuters, a activista foi libertada pouco tempo depois, após um controlo de identidade.
A jovem activista climática sueca estava a protestar na mina de carvão a céu aberto Garzweiler 2, que fica a cerca de nove quilómetros de Lützerath — e é o motivo pelo qual esta pequena localidade, que não chega a ser suficientemente grande para ser uma vila ou aldeia, está em vias de desaparecer. A demolição permitirá à multinacional energética alemã RWE, responsável pela mina, expandir a sua exploração.
Greta, que se juntou aos manifestantes alemães na passada sexta-feira, foi vista a sorrir num autocarro da polícia após ter sido detida, disse uma testemunha ouvida pela agência de notícias Reuters. Uma imagem da sueca dentro do autocarro mostra-a a exibir o polegar para a câmara, sorrindo.
Outros activistas climáticos também foram detidos. Segundo imagens da Reuters, um polícia pediu ao grupo para cooperar — caso contrário, alertou, teria de recorrer à força.
A sueca de 20 anos estava, num primeiro momento, sentada com um grupo de manifestantes nas imediações da mina. Greta acabou depois por ser carregada para fora do local pelos polícias. Uma fotografia, capturada pela agência de notícias Associated Press, mostra-a a olhar para a câmara enquanto é retirada do local, com o mesmo sorriso contido que exibe na fotografia do momento em que já está dentro do autocarro da polícia.
A activista climática foi esta terça-feira detida durante os protestos contra a demolição da vila de Luetzerath, na Alemanha, avançou a polícia.
Reuters,Tiago Bernardo Lopes“Greta Thunberg fazia parte de um grupo de activistas que correram em direcção à borda da mina. No entanto, ela foi travada e carregada por nós com este grupo para fora da área de perigo imediato, para podermos identificar os vários manifestantes”, disse um porta-voz da polícia à Reuters, acrescentando que um dos activistas chegou a saltar para dentro da mina a céu aberto.
A mesma fonte disse ainda não ser claro o que acontecerá a Greta e aos restantes activistas. Acrescentou também que ainda não há certezas sobre se o manifestante que saltou para dentro da mina se magoou ou não. A borda da mina foi descrita pelas autoridades como sendo “íngreme e extremamente perigosa”.
A polícia já havia admoestado Greta e outros activistas no domingo. Nessa altura, a activista sueca não terá atendido a um pedido das autoridades para abandonar a área, o que levou a que estas a escoltassem, noticiou então a publicação alemã Bild.
Os protestos não têm acontecido só em Lützerath. Noutras partes da Alemanha, activistas também têm protagonizado acções de desobediência civil, exigindo ao Governo do chanceler Olaf Scholz que tome medidas para acabar com a exploração de carvão e queima de combustíveis fósseis, que contribuem de forma relevante para o aquecimento global.
Lützerath, entre a resistência e a impotência
Lützerath, um pequeníssimo lugar que se tornou um ponto de discussão relativamente aos esforços climáticos da Alemanha, é hoje quase uma localidade abandonada. Os seus poucos moradores começaram a ter de a deixar para trás há uns anos, quando o Governo alemão se mostrou favorável à expansão da exploração de carvão no território.
Se a RWE tivesse podido seguir em frente com o seu plano inicial sem resistências, Lützerath hoje já não existia. Já teria, até ao final de 2022, sido demolida, o que tem de acontecer para a multinacional energética poder expandir a exploração da mina Garzweiler 2. Valeu ao lugar a teimosia de Eckhardt Heukamp: dono de um terreno em Lützerath, este homem apresentou uma queixa judicial, o que adiou o processo.
Mas “adiou” é a palavra certa, infelizmente para Lützerath. No primeiro trimestre de 2022, o tribunal determinou que a RWE podia expandir a mina e demolir Lützerath, o que levou Eckhardt Heukamp, rosto da resistência de um território com poucas armas para evitar um destino desfavorável, a abandonar o lugar.
Há uma semana, o tribunal da cidade alemã de Heinsberg permitiu que a polícia começasse a retirar os milhares de manifestantes que nos últimos dias se concentraram em Lützerath, proibindo as pessoas de irem para lá (daí a natureza desobediente do protesto protagonizado esta terça-feira por Greta Thunberg e outros activistas climáticos). Os activistas haviam bloqueado estradas que dão acesso a Lützerath, ocupado edifícios e montado tendas e cabanas improvisadas.
Os ambientalistas consideram que demolir a vila para expandir a mina Garzweiler 2 é um erro e será extremamente problemático para o clima. O Governo alemão e a RWE, por seu turno, argumentam que o carvão é necessário para garantir a segurança energética na nação germânica.