Baleia de 12 metros encontrada morta com ferimentos numa praia dos EUA

Esta é uma espécie de baleia ameaçada. Os especialistas dizem que os ferimentos neste cachalote encontrado numa praia de Oregon, nos EUA, terão sido causados por uma colisão com um navio.

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Imagem da baleia encontrada numa praia de Oregon, nos EUA. Os ferimentos sugerem que houve uma colisão com um navio Seaside Aquarium/Facebook

Um jovem cachalote com cerca de 12 metros com cortes e ferimentos foi encontrado morto numa praia do estado norte-americano de Oregon. Trata-se de uma espécie ameaçada cuja população está a tentar recuperar a custo, apesar de ter havido uma paralisação da caça comercial baleeira há décadas.

O cachalote foi encontrado a sangrar numa praia perto do parque de Fort Stevens, a cerca de 130 quilómetros de Vancouver, e parece ter morrido ainda antes de dar à costa, segundo as informações disponibilizadas no Facebook do Seaside Aquarium. As imagens em vídeo desta baleia mostram-na deitada na areia, com a boca aberta e algum sangue. De lado, há um grande corte na parte lateral do corpo do animal.

O delegado regional de assuntos públicos Michael Milstein, que pertence à área de Pescas da agência norte-americana que estuda os oceanos e a atmosfera (a NOAA, na sigla em inglês), disse que esta baleia parece ter morrido depois de uma colisão com um navio. Depois disso, a carcaça deve ter-se mantido à deriva até dar à costa. A agência norte-americana fez uma necropsia ao corpo do animal para tentar determinar a causa da morte.

“Os cachalotes são menos comuns no Inverno nesta zona Noroeste [dos Estados Unidos] do que são no Verão, portanto é algo invulgar de ver nesta altura do ano”, afirmou Milstein.

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A cauda de um cachalote na ilha de São Miguel, nos Açores João Silva/ARQUIVO

Estima-se que existam cerca de 2000 cachalotes que vivem na Costa Oeste dos Estados Unidos, de acordo com o responsável. A população ainda não recuperou de forma tão rápida quanto outras espécies após as restrições impostas no comércio baleeiro a partir da segunda metade dos anos 1900. “Mas estão claramente em ascensão”, afirmou.

“O último cachalote que foi morto e caçado na Costa Oeste foi em 1971. Não foi assim há tanto tempo”, observou Michael Milstein.

Famílias e cardumes de solteiros

Os cachalotes formam vínculos profundos com os membros da sua família e viajam juntos durante décadas – ou até mesmo durante a vida inteira –, dependendo do seu sexo. As fêmeas tendem a permanecer no mesmo grupo social em águas tropicais durante toda a vida, mas os machos acabam por abandonar quando têm idades entre os quatro e os 21 anos para formar “cardumes de solteiros”.

Quando envelhecem e se tornam maiores, os machos começam a migrar em direcção aos pólos, o que significa que esses agrupamentos vão ficando mais pequenos, com os machos maiores a viajarem muitas vezes sozinhos. Alguns regressam às águas tropicais para se reproduzirem quando chegam aos 20 anos.

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Em 2003, um cachalote também deu à costa na praia de Ofir hugo delgado/ARQUIVO

Liz Slotten, uma depositária do fundo Baleias e Golfinhos da Nova Zelândia que estuda os cachalotes enquanto professora da universidade neozelandesa de Otago, disse ser provável que esta baleia encontrada na praia se tenha separado do seu grupo social recentemente.

“Parece uma baleia relativamente jovem”, disse. “Pode ser uma daquelas baleias que saíram há pouco tempo do seu ‘casulo’ em que tinham a mãe, a avó e todas as outras baleias que conhecia.”

Liz Slotten disse ainda que os ferimentos batem certo com a “colisão com um grande propulsor”. Se as necropsias feitas aos animais feridos nestes casos confirmarem esta possibilidade, os resultados podem até fazer com que se alterem rotas de navios para que não coincidam com zonas de reprodução de baleias.

No geral, os cachalotes enfrentam várias ameaças, incluindo colisões com navios, problemas ambientais agravados pelas alterações climáticas, emaranhamento em redes de pesca e confusão gerada pela poluição sonora subaquática.

Estima-se que a população de cachalotes tenha andado perto dos dois milhões em 1710, antes de comércio baleeiro em larga escala, segundo um estudo publicado recentemente. Em 2022, existiam cerca de 850 mil cachalotes.