Música
Bela Ensemble estreiam álbum com uma recriação do fado Eu sou povo e canto esperança
Chama-se Bela Ensemble e é um quinteto que, ao fim de seis anos de existência, lança agora o seu primeiro álbum. Fundado em 2017, em Lisboa, na casa de fados Tasca de Bela (daí o seu nome, Bela Ensemble) pelo percussionista Carlos Mil-Homens (um dos músicos que acompanhou Madonna em 2019 na digressão Madame X) e pelo fadista Marco Oliveira, o grupo é composto actualmente por Carlos Mil-Homens (percussão), João Penedo (contrabaixo), Otto Pereira (violino), Ana Margarida (voz) e Rafael Brides (guitarra de 7 cordas). Cruza o universo do fado com sonoridades e ritmos de várias latitudes, como o flamenco, a música afro-latina e sul-americana (Argentina, Cuba, Peru, Brasil), a música progressiva, o rock e até o metal, mas sem que o fado se apague nesta mescla sonora. “O fado é a base e a alma do nosso trabalho”, diz ao PÚBLICO Carlos Mil-Homens. “Mesmo ao misturáramos estas sonoridades no universo do fado, este nunca perde as suas características. Para mim, soa-me a fado, é o fado que eu ouço na minha cabeça. E como normalmente não mexemos na estrutura harmónica e poética, mantemos uma das principais características do fado. E é sempre cantado com muita reverência e respeito.”
O álbum que esta segunda-feira chega às plataformas digitais, e que terá mais tarde edição em formato físico, tem por título apenas o nome do grupo e a estreia é assinalada com um videoclipe de um dos dez fados que o compõem, Eu sou povo e canto esperança, uma criação de Rodrigo com letra do poeta João Dias (1926-1979), nascido em Aldegalega do Ribatejo, actual Montijo. “É um tema que nos diz bastante”, explica Carlos Mil-Homens. “A letra tem um significado forte e é como todas as outras músicas de intervenção: nunca saem de moda e são sempre necessárias.”
Dos outros nove fados recriados pelos Bela Ensemble, cinco têm música de Alfredo Marceneiro: Maldição (Fado Cravo), com letra de Armando Vieira Pinto; Café de Camareiras (Fado Odeón), de João Dias; Sra. do Monte (Fado da Sra do Monte), de Gabriel de Oliveira; Bêbado pintor (Fado Laranjeiras), de João Linhares Barbosa; e Solene (Fado Versículo), de Carlos Mil-Homens. Os restantes são Ausência, com letra de Maria Margarida Casto no Fado Pedro Rodrigues (lançado num videoclipe ao vivo, em Abril de 2022); Luas Brancas, com letra de João Monge e música de Raúl Portela (Fado Magala); Enigma, letra de Domingos Gonçalves Costa e música de Francisco José Marques (Fado Zé Negro); e Eu preciso de te ouvir a voz, letra de Vasco Lima Couto e música de Armando Machado (Fado Súplica), este também lançado num videoclipe ao vivo, gravado e publicado em 2019. A produção do disco é da HM Música, de Helder Moutinho.