110 Histórias, 110 Objectos. O polarógrafo Cambridge

No 77.º episódio do podcast, descobrimos o polarógrafo Cambridge. O 110 Histórias, 110 Objectos, do Instituto Superior Técnico, é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. Siga-o nas plataformas habituais.

No podcast 110 Histórias, 110 Objectos, um dos parceiros da Rede PÚBLICO, percorremos os 110 anos de história do Instituto Superior Técnico (IST) através dos seus objectos do passado, do presente e do futuro. No 77.º episódio do podcast, descobrimos o polarógrafo Cambridge.

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O polarógrafo Cambridge Instituto Superior Técnico

"A polarografia é hoje um dos métodos de análise mais cómodos e eficientes quando utilizada criteriosamente e por mãos experimentadas. Há actualmente um número elevado e crescente de laboratórios que recorre a esta técnica, pois que ela, além de resolver problemas analíticos difíceis de resolver por outros métodos, permite ainda abordar muitas outras questões de electroquímica."

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Era assim que, em 1953, Isabel Gago apresentava o polarógrafo Cambridge e a sua importância para o IST. Aquela que foi, em Portugal, a primeira mulher engenheira química, segunda mulher engenheira e a primeira mulher professora do Técnico introduzia um artigo científico publicado na Revista Técnica por Maria Teresa Águas da Silva e que marcava o início do impacto do instrumento na investigação que se fazia na Escola.

A técnica de polarografia foi inventada em 1922 por Jaroslav Heyrovsky, que viria a receber o Prémio Nobel da Química de 1959 “pela descoberta e desenvolvimento dos métodos polarográficos de análise". Ao IST, o polarógrafo Cambridge, exemplar histórico da primeira geração da polarografia, chegaria em 1948. O instrumento tem ainda hoje uma etiqueta muito velhinha e escurecida com a inscrição “Cambridge Instrument Company, Ltd”.

“O primeiro que existiu em Portugal foi no Instituto do Vinho do Porto, no Porto. Posteriormente, no Técnico, o Professor Herculano de Carvalho, que era o director do Laboratório de Electroquímica, decidiu desenvolver a técnica de polarografia”, conta César Sequeira, docente aposentado do Departamento de Engenharia Química (DEQ) do Técnico.

O instrumento abriu caminho para uma técnica essencial para determinar a quantidade e qualidade de algumas substâncias químicas, em especial metais. Através do controlo da intensidade da corrente é possível analisar e caracterizar diferentes espécies químicas, assim como determinar a concentração da espécie em solução.

O potencial de aplicação multiplica-se por áreas como a medicina, a biologia, a metalurgia, a análise de compostos orgânicos e inorgânicos, o estudo das descargas electroquímicas, a indústria alimentar, entre muitas outras em que há necessidade de fazer análises com grande precisão e de quantidades que existem em pequeníssima concentração em soluções químicas.

Alda Simões, também professora associada do DEQ, chegou a utilizar, como aluna, as técnicas de polarografia, mas num aparelho mais moderno. “O que esta técnica tem de muito interessante para os dias de hoje é que deu origem a várias outras - foi revolucionária”, explica. Actualmente, o polarógrafo encontra descendência num aparelho crucial para a electroquímica – o potencióstato. “Uma boa parte das suas técnicas baseia-se na polarografia”, defende.

Enquanto foi útil, o polarógrafo do Técnico “foi muito utilizado e bem tratado”. “Sabemos que esta técnica foi usada aqui durante tempo. Chegou até aos nossos dias em muito bom estado, apesar de haver componentes que já não funcionam. Todo o aparelho inspira algum carinho”, descreve Alda Simões.


O podcast 110 Histórias, 110 Objectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. É um programa do Instituto Superior Técnico com realização de Marco António (366 ideias) e colaboração da equipa do IST composta por Filipa Soares, Sílvio Mendes, Débora Rodrigues, Patrícia Guerreiro, Leandro Contreras, Pedro Garvão Pereira e Joana Lobo Antunes.

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