Dakar: Benavides devolve coroa à KTM, Al-Attiyah confirma quinto título nos carros

Emoção nas motos durou até ao último quilómetro, com o argentino a superar Toby Price por 43 segundos após cerca de oito mil quilómetros cronometrados.

Kevin Benavides venceu nas motos
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Kevin Benavides venceu nas motos Reuters/HAMAD I MOHAMMED
Al-Attiyah somou quinto triunfo no Dakar
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Al-Attiyah somou quinto triunfo no Dakar Reuters/HAMAD I MOHAMMED

O argentino Kevin Benavides tornou-se, este domingo, no quinto motociclista a vencer duas edições do Rali Dakar com duas marcas diferentes, ao ganhar a categoria das motas com uma KTM após já o ter feito, em 2021, com a Honda.

Benavides, que partia com 12 segundos de desvantagem na geral para o australiano Toby Price (KTM), venceu a 14.ª e última etapa, entre Al Hofuf e Dammam, na Arábia Saudita, garantindo a vitória na corrida.

O argentino gastou 1h15m17s para cumprir os 136 quilómetros cronometrados numa pista enlameada, que provocou dificuldades acrescidas aos pilotos, deixando Price na segunda posição, a 55 segundos, com o chileno Pablo Quintanilla (Honda) em terceiro, aproveitando uma penalização de três minutos sofrida pelo australiano Daniel Sanders (GasGas), que tinha sido originalmente o segundo.

O luso-germânico Sebastian Bühler (Hero) terminou em sexto, depois de ter liderado as primeiras tomadas de tempo, a 4m14s do vencedor, com Mário Patrão (KTM) a ser 56.º.

Com estes resultados, Benavides, de 34 anos, arrebatou a vitória na última etapa da prova, ao concluir com o tempo de 44h27m20s, deixando Toby Price em segundo, a 43 segundos, e o norte-americano Skyler Howes (Husqvarna) em terceiro, a 5m04s, após cerca de oito mil quilómetros cronometrados.

"Esta manhã pensava apenas em manter-me concentrado em cada quilómetro, do primeiro ao último. É incrível conseguir a vitória depois deste Dakar tão louco e por tão pouca margem", comentou Benavides, que já tinha ganho em 2021, pela Honda, gerida pelo português Ruben Faria.

Bühler fechou a prova em 20.º, a 4h15m13s do vencedor, enquanto Mário Patrão foi 34.º, terceiro entre os pilotos da categoria "Originals by Motul", para pilotos sem assistência externa.

Nos quads, o francês Alexandre Giroud (Yamaha) venceu pelo segundo ano consecutivo, deixando o argentino Francisco Flores (Yamaha) em segundo, a 43m11s, e o norte-americano Pablo Copetti (Yamaha) em terceiro, a 1h52m55s.

Al-Attiyah supera Vatanen

No carros, o qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota) confirmou o quinto triunfo no Rali Dakar e tornou-se no segundo mais vitorioso nos automóveis, atrás do francês Stéphane Peterhansel (Audi), vencedor de oito edições.

O francês Guerlain Chicherit (BRX) venceu a 14.ª e última etapa, deixando o sueco Mattias Ëkstrom (Audi) em segundo, a 1m36s, com o argentino Sebastian Halpern (Mini) em terceiro, a 1m53s.

Al-Attiyah foi oitavo, vencendo a geral com 1h20m49s de vantagem sobre Sébastien Loeb (BRX), e 1h38m31s para o terceiro, o brasileiro Lucas Moraes (Toyota), que aos 25 anos se estreou na competição.

"Foi um Dakar difícil, mas conseguimos gerir [a corrida] e é incrível ter podido revalidar o título", disse o piloto qatari, que tinha vencido em 2011, 2015, 2019 e 2022. Com este triunfo, Al-Attiyah superou os quatro do finlandês Ari Vatanen.

"Tenho o maior respeito por Ari, sempre foi o meu ídolo. Mas quero ganhar mais e agora devo defender o título de campeão do mundo", frisou o piloto da Toyota.

A corrida ficou decidida na primeira das duas semanas de prova, com os problemas sofridos pelo francês Sébastien Loeb (furos e uma avaria mecânica) e pelos acidentes do espanhol Carlos Sainz (Audi) e Stéphane Peterhansel (Audi), que os deixaram fora de prova.

"Não tivemos de atacar feitos loucos. Conseguimos terminar a segunda semana e ganhámos o Dakar, que é o mais importante", concluiu.

Loeb terminou esta edição com o maior número de vitórias em etapas (sete), estabelecendo um novo recorde de triunfos consecutivos (seis).

Ainda na categoria dos automóveis, o português José Marques, navegador do lituano Gintas Petrus (Petrus Racing), foi o 114.º, a 76h16m15s do vencedor.

Ricardo Porém foi 12.º

O leiriense Ricardo Porém (Yamaha) foi o melhor português na categoria de veículos ligeiros, na 12.ª posição. Ricardo Porém foi o 10.º mais rápido na última etapa, cortando a meta a 6m03s da vencedora, a espanhola Cristina Gutiérrez (Can-Am), que bateu o chileno Ignacio Casale (Yamaha) por 58 segundos e o argentino David Zille (Can-Am) por 1m31s.

João Ferreira (Yamaha) foi o oitavo mais rápido do dia, a 4m28s, penalizado com dois minutos por excesso de velocidade, tal como Hélder Rodrigues (Can-Am), o 13.º, a 6m12s. João Ré, que navega o saudita Saleh Alsaif (Can-Am), foi o 17.º, a 8m09s.

Na classificação final, o norte-americano Austin Jones (BFG) "bisou", deixando o compatriota Seth Quintero (BFG) a 52m05s, com o belga Guillaume de Mevius (Grally) em terceiro, a 1h35m42s. João Ré foi o sexto classificado final, a 4h14m08s do vencedor desta categoria T3, reservada aos veículos ligeiros protótipos.

Ricardo Porém, de 33 anos, fechou a sua quarta participação no 12.º lugar, a 10h46m41s, tendo rubricado uma vitória em etapas, com Hélder Rodrigues em 27.º, a 35h18m19s. João Ferreira, que também venceu uma etapa, foi 37.º, depois dos problemas mecânicos nos últimos dias, a mais de 123 horas.

"Partimos para esta aventura com ambições e objectivos. Estar aqui, neste final de Dakar, é muito importante. Ter feito parte desta primeira aventura da X-Raid e Yamaha nos SSV foi um grande orgulho e tenho de agradecer a todos os que viabilizaram esta participação. Tanto eu como o João levámos mais longe o nome da nossa cidade, Leiria, e isso é também algo que me deixa muito feliz", disse Ricardo Porém.

João Ferreira admitiu que, neste último dia, só pensou em terminar a etapa.

"Depois de uma prova com tantos altos e baixos, não podíamos deitar tudo a perder no último dia. Desde o início desta aventura, reiterei que o meu grande objectivo era apenas e só terminar e subir ao pódio final. Para além disso, conseguimos coisas inesquecíveis", referiu.

Nos veículos protótipos derivados de série, os T4, houve drama até para lá da hora, com o estreante polaco Eryk Goczal (Can-Am), de apenas 18 anos, a tornar-se no mais novo a vencer uma categoria da prova.

O jovem polaco partiu para a derradeira especial com 3m24s de atraso para o lituano Rokas Baciuska (Can-Am), antigo campeão europeu de ralicrosse, mas aproveitou os problemas sofridos por Baciuska para saltar para o comando.

Goczal foi oitavo, depois de ter empenado a suspensão traseira esquerda do seu Can-Am, a 3m22s do vencedor, o espanhol Carlos Sánchez (Can-Am). O português Fausto Mota, que navega o brasileiro Cristiano Batista (Can-Am), foi o segundo, a apenas 38 segundos do vencedor da tirada, com o polaco Michal Goczal (Can-Am) em terceiro.

Pedro Bianchi Prata, que navega o brasileiro Bruno Oliveira (Can-Am), foi o sexto classificado, enquanto Paulo Oliveira foi 34.º.

Na geral, Eryk Goczal, que tenta ainda chegar ao final da ligação a tempo de entrar no parque fechado sem penalizar, é o vencedor, com 16m44s de vantagem sobre Rokas Baciuska, e 18m15s sobre o pai, Marek Goczal, que perdeu o segundo lugar devido a uma penalização de dois minutos por excesso de velocidade.

Bianchi Prata fechou a prova na sexta posição. "Mais um Dakar terminado. O carro chegou são e salvo. Foram duas semanas complicadas, mas o Dakar é mesmo isto. Sabe bem chegar ao fim", disse o portuense. Fausto Mota, que corre com licença espanhola, foi 32.º, enquanto Paulo Oliveira, com licença moçambicana, foi 37.º.

Nos camiões, o neerlandês Janus van Kasteren (Iveco) interrompeu o reinado dos russos da Kamaz, ao vencer a categoria. João Dias, que integra a tripulação do camião de assistência da X-Raid, foi 19.º, na frente de José Martins (Team Boucou), que foi 20.º.