Benfica e Sporting à conquista do derby na viragem do campeonato
Roger Schmidt quer somar um triunfo no primeiro duelo com os “leões”, para manter registo da primeira volta. Rúben Amorim sente capacidade para abater qualquer adversário.
Mesmo que Roger Schmidt, o treinador alemão do Benfica, não assuma publicamente o fim de linha para o Sporting na corrida pelo título, caso a diferença para o rival de Alvalade atinja os 15 pontos no final do clássico desta tarde, na Luz (18h, BTV), Rúben Amorim dificilmente deixará de retirar a única ilação possível se os “leões” não se impuserem quando faltam duas rondas para acabar a primeira volta.
Apesar de tudo, no sétimo derby em quatro temporadas de Sporting, Rúben Amorim confia em novo triunfo na Luz — onde venceu por 1-3 na última campanha —, mesmo admitindo estar perante aquele que acredita ser “claramente o melhor” Benfica que defrontará desde que assumiu o banco dos “verde e brancos”, destacando a velocidade do futebol implementado por Schmidt, “a defender e a atacar”.
No plano teórico, numa altura em que os líderes isolados do campeonato acabam de oficializar dois reforços (Casper Tengstedt e Andreas Schjelderup) para o ataque, contratados por valores significativos, que podem implicar um esforço financeiro na ordem das duas dezenas de milhões de euros, o Sporting tenta encontrar formas menos onerosas para dotar a equipa de mais-valias, de preferência a custo zero, como o argentino Mateo Tanlongo.
Realidade bem elucidativa das diferenças que o treinador leonino lembra não serem de hoje, mesmo que o futebol se encarregue muitas vezes de as esbater.
Para o seu primeiro derby do futebol português, Roger Schmidt até garantiu que a dupla nórdica só será opção dentro de um par de semanas, em claro contraste com a urgência sportinguista de recuperar elementos como Morita, que não estará na Luz apesar de já ter regressado aos treinos.
E, enquanto Roger Schmidt coloca o campeonato em perspectiva, sem precipitações, centrando-se numa jornada de cada vez, Amorim sabe que para poder contrariar os últimos cinco meses e voltar ao registo que lhe valeu um título de campeão — entre uma Supertaça e duas Taças da Liga —, precisa de controlar os ritmos de uma modalidade capaz de mover obstáculos e colocar até os mais bem preparados em sentido e até em causa de um momento para o outro.
Depois da goleada (na Taça da Liga) imposta ao Sp. Braga — única equipa capaz de derrubar as “águias” nesta época —, o Sporting perdeu boa parte dessa boa vibração na Madeira, ao quebrar após sete triunfos consecutivos, três na Liga e quatro na Taça da Liga, em que é semifinalista. Uma derrota antes da deslocação à Luz complica sempre os planos, nomeadamente a nível mental, mas o treinador do Sporting mantém a confiança no grupo e na capacidade da equipa.
Atento a todos os altos e baixos leoninos, o Benfica espreita a possibilidade de concluir a primeira volta com uma vantagem relevante para os perseguidores.
Para Roger Schmidt, o segundo clássico na Liga portuguesa pode ser, simultaneamente, uma oportunidade para repetir algo que o sueco Sven-Goran Eriksson conseguiu pela última vez em 1983-84, há 39 anos: vencer FC Porto e Sporting na primeira volta.
Mas, em matéria de curiosidades, também Rúben Amorim poderá quebrar um feito interrompido há mais de oito décadas. Caso vença na Luz, será o quarto treinador a consegui-lo de forma consecutiva em duas temporadas, sendo que o húngaro Joseph Szabo — com triunfos por 2-4 e 0-5, em 1940/41 e 1941/42 — foi o último a consegui-lo.
Algo que reforçaria as hipóteses de continuar na luta pelos lugares de Champions — para não forçar demasiado a nota na questão do título —, embora Amorim prefira não antecipar cenários para não perder o foco. Um pouco como o treinador do Benfica, mais interessado em manter os pés na terra. “Para podermos pensar em ser campeões, temos de conquistar o máximo de pontos. Não podemos empatar ou perder muitos jogos”, insiste Roger Schmidt, ciente de que nesta primeira volta está tudo a correr da melhor forma, o que não significa que “esteja tudo decidido”. “Há que manter o nível e continuar [na senda das vitórias] sem pensar muito na classiÆcação ou na diferença pontual para os adversários.”