Uma em cada três crianças portuguesas tem excesso de peso?

É verdade: a prevalência da pré-obesidade e da obesidade entre os mais novos ronda, em Portugal, os 30%

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A alimentação desempenha um papel fundamental no controlo do peso em excesso Nelson Garrido

A frase

“O último estudo é de 2019 e aponta para quase 30% das crianças com excesso de peso e obesidade. Vai ser publicado em breve o novo relatório e eu estou com receio de que os números sejam ainda piores porque houve a pandemia pelo meio. E na pandemia as crianças aumentaram bastante de peso.”

Ana Vieira, nutricionista, em entrevista ao Expresso

O contexto

Esta Prova dos Factos tem um percurso curioso. Foi desencadeada por uma frase que suscitou a nossa curiosidade e que deu título a uma entrevista publicada no Expresso no dia 10 de Janeiro. Questionada sobre a dimensão da obesidade infantil, em Portugal, a nutricionista Ana Vieira, autora da obra 25 Erros Alimentares nas Crianças: como Evitá-los?, dizia que o último estudo aponta para que quase 42% das crianças tenham excesso de peso e obesidade. Dias mais tarde, o valor foi corrigido para 30% e o título da entrevista passou a ser: "Os avós facilitam, têm sempre um bolo ou bolachinhas para os netos. Acham que negar comida é negar amor”, acrescentava Ana Vieira.​ A especialista alertava ainda para o facto de os dados mais recentes poderem estar já desactualizados: têm mais de três anos e são anteriores à pandemia.

Os factos

Os números do excesso de peso infantil em Portugal são preocupantes e merecem atenção — daí a importância de olhar para eles sempre que se proporcionar, mesmo que seja numa Prova dos Factos. Segundo o estudo COSI Portugal, sistema de vigilância nutricional infantil integrado no relatório Childhood Obesity Surveillance Iniciative, da OMS/Europa, uma em cada três crianças portuguesas tem peso a mais — ainda assim, o valor desceu de 37,9% em 2008 para 29,7% em 2019. "Em 2018/2019 (...) a prevalência de excesso de peso (pré-obesidade + obesidade) foi de 29,7% e destes 11,9% apresentavam obesidade infantil", lê-se no estudo.

Em resumo

Não há nenhuma dúvida: muitas crianças portuguesas não têm o peso adequado e a percentagem das que têm excesso de peso ronda os 30% (29,7%). A afirmação é verdadeira. A declaração original foi corrigida porque incorria no lapso de juntar a estes 29,6% os 11,9% de obesidade infantil (o que dava 42%), quando na realidade eles já estavam incluídos no total (pré-obesidade + obesidade).

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