Durante anos, bordar era um ofício ou passatempo das gerações mais antigas: decoravam toalhas, lençóis, almofadas, aventais, algibeiras e ainda faziam panos para cobrir os móveis. A artista espanhola Raquel Rodrigo quis recuperar esta tradição e levar o bordado para as ruas de todo o mundo. Decidiu bordar peças para decorar paredes e portas das casas, móveis e outros objectos decorativos.
É um trabalho que a artista começou em 2011, quando ficou responsável por embelezar a fachada de uma loja de costura em Madrid. Enquanto procurava inspiração, lembrou-se da técnica de ponto de cruz que aprendeu com a mãe quando era mais nova.
“Queria simplesmente fazer com que as pessoas respirassem do exterior o que estava a acontecer no interior. Procurei materiais que me permitissem criar a sensação de que a fachada tinha sido bordada”, começa por explicar ao P3. Tornou-se na imagem de marca do seu trabalho.
A inspiração pode vir de uma imagem, um filme e de tudo o que encontra, mas as flores assumem um destaque especial. Vemo-las a cobrir paredes de casas, portas e montras.
“Comecei com flores, porque embora o ponto de partida seja fazer sobressair os bordados tradicionais que nunca foram feitos na rua, os bordados que podemos encontrar nas casas das nossas avós são geralmente flores”, adianta a artista de 38 anos. Quis recordar e recuperar esta tradição.
Entre os trabalhos estão também letras bordadas em costas de cadeiras e secretárias, padrões geométricos, limões nas bordas das janelas e até peixes.
As peças do Arquicostura Studio já passaram por vários países como Reino Unido, Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Turquia, Itália ou Suíça. Recentemente, a artista decorou a restauração do hotel Hilton de Londres e neste momento prepara um jardim de plantas tropicais em Valência e um projecto para uma marca de um artista chinês, em Granada.
O projecto cresceu de tal forma que, neste momento, tem 50 pessoas (entre elas a mãe da artista) que replicam os bordados em larga escala. Além disso, a marca colabora com arquitectos e designers de todo o mundo.
Segundo Raquel, cada metro de tecido demora até três dias a ficar concluído e exige a perícia de duas pessoas. “As pessoas até me agradeceram por ter feito o seu dia feliz ao passar pela fachada onde havia uma das minhas obras e por lhes ter recordado a família e a casa, apesar de estarem a quilómetros de distância deles”, conclui.