Água
Um motel para peixes? Sim, para mostrar que nem para eles está fácil
Instalação alerta para a existência de barreiras obsoletas nos rios que podem dificultar a reprodução dos peixes.
Parece quase uma casa de bonecas, mas está submersa e os hóspedes ideais seriam peixes e não bonequinhos – trata-se de um “motel para peixes”. Parece ser um conceito engraçado, mas o alerta é para algo preocupante: a estrutura “visa alertar para as consequências da não remoção de obstáculos nos nossos rios”, o que dificulta os movimentos dos peixes e pode dificultar a sua reprodução.
A estrutura, criada pela agência Nossa em conjunto com a Associação Natureza Portugal (ANP|WWF), está exposta em frente à Livraria Lello, no Porto, que celebra esta sexta-feira 117 anos – mas não há mesmo peixes nesta instalação. Além da estrutura, o programa de aniversário conta ainda com uma conversa com a directora-executiva da ANP|WWF, Ângela Morgado, sobre os benefícios de restaurar a conectividade dos rios.
“No nosso país, existem muitas barreiras fluviais obsoletas que estão a impedir o fluxo natural dos rios, bem como a migração de várias espécies de peixes. Ou seja, os peixes não se conseguem movimentar até aos locais onde habitualmente se reproduzem e colocam os seus ovos”, explica Ruben Rocha, coordenador das questões relacionadas com água na ANP|WWF, citado em comunicado.
O objectivo deste motel para peixes é esse mesmo: alertar para a remoção dessas barreiras fluviais obsoletas, como barragens que já não estejam em funcionamento, para que seja assegurada a “continuidade das espécies de peixes de rio”, lê-se no comunicado enviado ao PÚBLICO.
Como se lê no comunicado, trata-se de uma “recriação subaquática” de um motel para peixes, “um espaço privado onde os peixes de rio se podem encontrar para fazer aquilo, enquanto as barreiras continuarem a impedir os rios de correrem livremente”.