Jóias recuperadas do roubo de Dresden estão desmontadas e danificadas
Perita em restauro mostrou em tribunal fotografias das peças que estão a ser analisadas e irão ser restauradas. Três das mais valiosas não foram devolvidas pelos acusados.
As peças que os seis acusados do roubo do museu instalado no castelo-palácio de Residenzschloss, em Dresden, conhecido como Grünes Gewölbe (Cofre Verde), devolveram na tentativa de reduzirem as suas penas estão na sua maioria estragadas, desmontadas e desfiguradas. Foi isto que uma perita testemunhou na sessão de tribunal que aconteceu na terça-feira em Berlim, segundo a agência de notícias alemã DPA e o jornal Frankfurter Allgemeine.
Depois de as autoridades alemãs terem anunciado em Dezembro a recuperação de parte das 21 jóias que foram roubadas em 2019, e que têm uma grande importância histórica, naquela que foi a primeira sessão de tribunal dedicada ao caso já este ano, o juiz Andreas Ziegel afirmou que a iniciativa da devolução das jóias partiu do mais velho dos seis homens acusados de pertencer à máfia berlinense (pertencem ao clã Remmo) e de serem eles os autores daquele que é considerado um dos mais espectaculares roubos nos museus europeus nas últimas décadas.
Na sessão de terça-feira, a perita em restauro Eve Begov apresentou ao tribunal fotografias onde se via em que condição estão as peças que os especialistas analisaram. Segundo o diário espanhol El País, uma das jóias, coberta de diamantes, está desmantelada em nove peças. No julgamento soube-se também, conta o jornal alemão Frankfurter Allgemeine, que muitas estão danificadas porque aparentemente foi utilizada uma substância corrosiva para as limpar e eliminar provas. Uma das hipóteses que os especialistas colocam é que as peças tenham estado escondidas debaixo de água. Há diamantes que estão baços e acinzentados. Os danos poderão rondar entre os 22 e 26 milhões de euros, escreve o jornal online Freie Presse, citando o que a perita disse em tribunal afirmando que o valor total só será conhecido quando as peças forem restauradas.
Ainda segundo o Frankfurter Allgemeine, foram 16 as peças devolvidas pelos acusados, mas as três mais importantes das 21 roubadas não fazem parte desse lote: uma é a ombreira que incluiu o célebre “diamante branco” de 50 quilates; outra é um laço com 650 diamantes incrustados e há ainda um colar com 32 grandes diamantes que continua desaparecido. Estas duas peças de joalharia pertenciam à rainha Amalie Auguste.
Na próxima sessão, que se realizará a 17 de Janeiro, é esperado que os réus falem e o juiz disse que quer ouvir confissões credíveis sobre como foi planeado o assalto e a sua execução.
Marion Ackermann, directora das colecções de arte do estado de Dresden, citada pelo Frankfurter Allgemeine, acredita que as peças recuperadas são passíveis de restauro e que as jóias vão poder ser expostas de novo ao público.