Preços das casas em Portugal sobem duas vezes mais do que na zona euro
No terceiro trimestre do ano passado, os preços de venda das casas aumentaram 6,8% na zona euro, segundo os dados do Eurostat. Em Portugal, a subida foi superior a 13%.
Numa altura em que o aumento dos preços das casas já começa a abrandar a nível europeu, Portugal permanece entre os países onde as subidas são mais acentuadas e mantém um ritmo de crescimento muito superior à média europeia. No terceiro trimestre do ano passado, os preços de venda das casas em Portugal aumentaram quase o dobro daquilo que se verificou no conjunto da zona euro, agravando-se a discrepância que já se fazia sentir nos trimestres anteriores.
Os dados foram publicados, esta terça-feira, pelo Eurostat, que dá conta de que, no terceiro trimestre de 2022, os preços de venda das casas aumentaram 7,4% na União Europeia e 6,8% considerando apenas os países da zona euro, face a igual período de 2021. Já em relação ao trimestre anterior, os preços aumentaram 0,9% na União Europeia e 1% na zona euro.
Este movimento verificou-se na maioria dos países em análise, registando-se uma subida anual em 15 dos Estados membros da União Europeia, mas com diferenças acentuadas entre os vários países. Os maiores aumentos verificam-se na Estónia, Hungria e Lituânia, todos com subidas de preços em torno dos 20% (quase três vezes mais do que a média europeia), enquanto a Dinamarca foi o único país onde se registou uma queda de preços, de 2,4%.
Já em Portugal, os preços das casas aumentaram 13,1% no trimestre em análise, em relação a igual período de 2021, o que representa quase o dobro da média da zona euro. Portugal fica, assim, entre os países onde os preços de venda das casas mais aumentaram no terceiro trimestre do ano passado, prolongando uma tendência que se verificava nos trimestres anteriores.
Apesar destes aumentos em termos anuais, já começa a observar-se um claro abrandamento do aumento dos preços em termos trimestrais e, em alguns casos, já há mesmo quedas de preços.
A subida trimestral de 1% que se verificou na zona euro, no terceiro trimestre de 2022, representa metade da variação que tinha sido registada no trimestre anterior e é a menor subida trimestral registada em três anos.
Ao mesmo tempo, registam-se quedas em vários países, destacando-se a Dinamarca, onde os preços caíram 3,8% em termos trimestrais, bem como Suécia (com uma queda de 3,1%), Finlândia, Roménia, Itália (todos com recuos de 1%) e Alemanha (com uma queda de 0,4%).
Também aqui, Portugal volta a destacar-se dos restantes países com uma das subidas trimestrais mais acentuadas, ao registar um crescimento dos preços de 2,9% em relação ao segundo trimestre de 2022.
Preços sobem 50% desde 2010
No relatório publicado esta terça-feira, o Eurostat faz, ainda, uma análise de longo prazo à evolução dos preços das casas, para concluir que, no conjunto da União Europeia, estes subiram perto de 50% desde o início de 2010 até ao terceiro trimestre do ano passado.
Também aqui, há discrepâncias acentuadas entre países. No período em análise, os preços aumentaram em 24 dos Estados-membros da União Europeia, tendo caído em apenas três.
A Estónia é aquele que apresenta o maior aumento, de quase 200%, seguida pela Hungria, Luxemburgo, Lituânia, Letónia, Chéquia e Áustria, todos com aumentos superiores a 100%, ou seja, os preços mais do que duplicaram nestes países ao longo da última década.
Grécia, Itália e Chipre, por seu lado, são os três países onde se registaram quedas dos preços no período em análise.
Já em Portugal, os preços aumentaram mais de 80% no período em análise, ficando acima de países como França, Espanha, Irlanda ou Países Baixos.