América Latina condena “tentativa de golpe” no Brasil

“Aqueles que tentam não ouvir a vontade das maiorias, atentam contra a democracia”, escreve o chefe de Estado argentino, Alberto Fernández, presidente da CELAC e do Mercosul.

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Alberto Fernández com Lula da Silva na noite em que Lula ganhou a segunda volta das eleições CARLA CARNIEL/Reuters

Os governos da América Latina manifestaram a sua solidariedade ao Presidente Lula da Silva, condenando a “tentativa de golpe” no Brasil e pressionando por uma reacção das instituições, advertindo para o risco regional do exemplo brasileiro.

“Aqueles que tentam não ouvir a vontade das maiorias, atentam contra a democracia e merecem não só uma sanção legal, mas também a rejeição absoluta da comunidade internacional. Como presidente da CELAC e do Mercosul, alerto os países-membros para que nos unamos contra esta inaceitável reacção antidemocrática que se tenta impor no Brasil”, advertiu o Presidente argentino, Alberto Fernández.

O chefe de Estado falava, através das redes sociais, também enquanto líder temporário da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), fórum que reúne os 33 países das duas regiões, e do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (Venezuela também é membro, mas está suspenso).

A 23 de Janeiro, o Presidente brasileiro Lula da Silva estará na capital argentina para inaugurar, numa reunião bilateral, as suas viagens internacionais. No dia seguinte, reúnem-se também em Buenos Aires os líderes da CELAC. O ataque às instituições democráticas brasileiras deve ser o assunto central do debate regional.

“Quero expressar o meu incondicional apoio e do povo argentino a Lula perante esta tentativa de golpe de Estado. Estamos juntos do povo brasileiro para defender a democracia e para não permitir nunca mais o regresso dos fantasmas golpistas que a direita promove”, acusou Alberto Fernández, convocando os países latino-americanos a reagiro em conjunto.

“Demonstremos com firmeza e com união a nossa total adesão ao Governo eleito democraticamente pelos brasileiros, liderado pelo Presidente Lula”, disse Fernández.

Em linha com as palavras do seu presidente, a CELAC comunicou o seu apoio ao Governo do Presidente Lula da Silva perante as acções violentas contra os três poderes brasileiros.

“A presidência pro tempore da CELAC manifesta o seu apoio ao Governo Lula, eleito pelo povo do Brasil, e rejeita as acções violentas contra as instituições democráticas brasileiras”, posicionou-se o fórum regional, criado para incluir Cuba nas discussões regionais e, ao mesmo tempo, excluir a influência dos Estados Unidos da América, dominante na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Nesse sentido, o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também convocou uma “urgente reunião da OEA” para repudiar a “tentativa de golpe” no Brasil, promovida pelo “fascismo”.

“Toda a minha solidariedade ao povo do Brasil. O fascismo decidiu dar um golpe. É hora urgente para uma reunião da OEA se quiser continuar viva como instituição e aplicar a carta democrática”, disse, nas redes sociais, o Presidente colombiano, recordando que o seu Governo “defendeu fortalecer o sistema interamericano de Direitos Humanos”, diante dos “golpes parlamentares ou golpes violentos da extrema-direita”.

O Presidente do Chile, Gabriel Boric, classificou como “cobarde e vil o ataque à democracia” no Brasil. “Inapresentável ataque aos três poderes do Estado brasileiro por parte de bolsonaristas. O Governo do Brasil conta com todo o nosso apoio perante este cobarde e vil ataque à democracia”, anunciou Gabriel Boric, através das redes sociais.

O Presidente do Equador, Guillermo Lasso, um governante de direita, também condenou “as acções de vandalismo contra as instituições” e que “atentam contra a ordem democrática e contra a segurança da cidadania”.