TAP com nova greve marcada entre 25 e 31 de Janeiro
Tripulantes de cabina avançam amanhã com pré-aviso de greve para os dias 25 a 31 de Janeiro, inclusive, depois de as negociações com a TAP terem falhado.
Depois da greve dos tripulantes de cabina que se realizou nos dias 8 e 9 de Dezembro, pode já haver outra entre os dias 25 e 31 deste mês (inclusive), de acordo com o pré-aviso de greve que dará entrada amanhã, terça-feira, por parte do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Conforme tinha sido estipulado em assembleia geral (AG) do sindicato, os trabalhadores foram notificados nesta segunda-feira, 24 horas antes do pré-aviso de greve.
“Apelo, desde já, à adesão de todos para que, mais uma vez, possamos dar nota cabal à empresa da nossa união em torno do descontentamento relativamente às matérias abordadas e deliberadas na AG de dia 3 de Novembro, que constituem as nossas reivindicações legítimas e responsáveis”, afirmou, em comunicado aos associados, o presidente da assembleia geral, Ricardo Andrade.
"Respeitamos e lamentamos a decisão do SNPVAC e continuamos a fazer todos os possíveis para chegar a um acordo que sirva os melhores interesses do País, dos nossos clientes, dos tripulantes de cabina e da TAP", afirmou fonte oficial da companhia.
Num comunicado enviado já esta terça-feira aos tripulantes de cabina, a direcção do SNPVAC diz que "actual administração [da TAP] continua a não querer compreender a revolta e a indignação" dos tripulantes de cabina.
"Sabemos da magnitude da nossa acção e o impacto que tal decisão irá ter na operação, nos passageiros e no próprio rendimento dos nossos associados", diz o sindicato, acrescentando que a marcação do pré-aviso de greve é "uma decisão tomada de forma séria, baseada numa estratégia fundamentada e avessa a pressões ou impulsividades".
Cabe à administração, diz o SNPVAC, "demonstrar aquilo que tanto apregoa, mas que, na verdade, nunca tentou de forma séria: solucionar este diferendo e satisfazer as nossas reivindicações justas e legítimas, percebendo que a paz social tem um valor inigualável".
Trabalhadores "chumbaram" proposta da TAP
No dia 29 de Dezembro e depois de as negociações entre a administração da transportadora aérea e o sindicato terem sido reiniciadas e de a TAP ter apresentado uma proposta tendo como objectivo a paz social, esta acabou por ser rejeitada pelos associados do SNPVAC. O “chumbo” da proposta teve suporte numa esmagadora maioria, composta por 615 votos contra, seis a favor e três abstenções, segundo os dados oficiais.
Conforme noticiou o PÚBLICO, a TAP, segundo a minuta do acordo, pretendia “sanar o clima de instabilidade social actualmente existente” entre os tripulantes de cabina, por via da “resolução de questões interpretativas” de matérias laborais.
Entre os aspectos enunciados, estão compromissos, nomeadamente remuneratórios, a que os trabalhadores dizem já ter direito, e que foram suspensos com a aplicação do acordo de emergência em vigor.
Do lado da TAP, havia a exigência de o SNPVAC pôr termo às acções judiciais interpostas por causa dos temas laborais em disputa (como a contabilização da meia hora após a imobilização do avião), tendo ainda o sindicato de renunciar em intentar novas acções judiciais.
Em paralelo, pretendia-se “criar condições para que, num contexto de paz social”, se iniciasse “construtivamente o processo de revisão integral do actual acordo de empresa”, datado de 2006 — e classificado como “ultrajante” pelo SNPVAC.
Poucos dias antes da votação, a 19 de Dezembro, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, tinha afirmado que as conversações com o sindicato estavam “no bom caminho”.
No dia 6 de Dezembro, pouco antes da efectivação da última greve — que levou ao cancelamento de 360 voos de forma antecipada pela TAP —, os associados do SNPVAC tinham mandato para a direcção, presidida por Ricardo Penarroias, marcar, se necessário, um mínimo de cinco dias de nova paralisação a realizar até 31 de Janeiro, “comunicadas aos associados 24 horas antes da entrada do pré-aviso de greve”. Devido à greve que se realizou nos dias 8 e 9 de Dezembro, foram afectados cerca de 50 mil passageiros, com uma perda associada da ordem dos oito milhões de euros em receitas, segundo a TAP.
Notícia actualizada com comunicado enviado pelo SNPVAC aos tripulantes de cabina.