Oito coisas que tens de saber antes de levares um cão para um apartamento

Conheceres os cães dos vizinhos e treinares as pausas para urinar do teu cão são algumas das dicas.

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Ter um cão num apartamento Calla Kessler/ The Washington Post

Há inúmeras razões para não teres um cão – por exemplo, se não estiveres preparado para ter despesas com o veterinário, ou se faltar às happy hours para levares o teu melhor amigo a passear for um sacrifício para ti. Contudo, viveres num apartamento não faz parte da lista. (Confia em mim, estou a escrever isto no meu próprio apartamento de 28 metros quadrados, em Brooklyn, com um catahoula leopard de 38 quilos deitado por cima do meu pé esquerdo).

Ainda assim, há algumas considerações que nós, moradores de apartamentos, devemos fazer antes de acolher um cão nas nossas casas modestas. A falta de jardim, o facto de termos vizinhos muito próximos e os inconvenientes dos elevadores tendem a complicar as coisas. Eis o que os veterinários, treinadores e outros especialistas em cães e gatos recomendam:

Escolher um cão para a vida de apartamento

No que diz respeito à escolha do tipo de cão a ter, os especialistas concordam: o tamanho e a raça não são factores determinantes. É por isso que Amanda Gagnon, antropozoóloga e consultora de comportamento canino em Nova Iorque, recomenda rafeiros.

Segundo Gagnon, com um cão resgatado de um abrigo não vais assumir que estás a receber o comportamento pateta de um golden retriever ou a indiferença de um husky. Em vez disso, vai ter de prestar atenção à personalidade e necessidades únicas de cada animal. "Devemos olhar para um novo cão como um quadro em branco, da mesma forma que olharíamos para um novo amigo humano", sinaliza.

Levá-lo a passear

Antes de te tornares dono de um cão num apartamento, lembra-te que cada passeio vai exigir que lhe ponhas uma trela e, provavelmente, que desças vários andares, faça chuva ou faça sol.

Por outro lado, as caminhadas ajudam-te a criar laços com o teu animal e a mantê-lo saudável. "O exercício regular e uma dieta equilibrada podem prevenir a obesidade, que pode fazer com que os animais de estimação estejam sujeitos a muitas das mesmas doenças a que os humanos são susceptíveis", destaca Gabrielle Fadl, directora dos cuidados primários da Bond Veterinary (em Boston, Nova Iorque e Washington). Entre elas estão: diabetes, osteoartrose e colesterol elevado.

Tal como para muitos humanos, ter um horário é bom para os cães. Gagnon recomenda uma rotina de passeios estruturada, mas não tão rígida ao ponto de poder causar ansiedade ao teu animal se falhares um dia. Um horário típico pode consistir em passeios antes do trabalho, durante o almoço, ao fim da tarde e à noite. Se sabes que vais ter de deixar regularmente o teu cão sozinho durante horas, certifica-te que encontras uma pessoa de confiança para o passear o mais cedo possível – o melhor seria contratares alguém antes de teres um cão em casa.

Ensinar a fazer necessidades

Sabes o que é que também exige rotina? Ensinar a ir à rua para fazer as necessidades. Se estás a pensar ter um cachorro, é melhor pensares no que irás fazer quando o teu cão te pedir para ir à rua às 2h da manhã quando vives no 28.º andar e o elevador é lento.

Gagnon sugere que alimentes o teu cão e o leves à rua todos os dias à mesma hora: "O que entra está relacionado com o que sai, portanto, se a nossa rotina de comida e água não tem horário, as nossas pausas para urinar e fazer cocó também não vão ter", explica.

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Num apartamento com vários andares, cada pausa para urinar implica usar o elevador Calla Kessler/The Washington Post

Os tapetes absorventes de urina podem ser uma ferramenta útil em alguns casos, mas vão complicar o processo de treino. "Teremos de os destreinar para não os usarem e habituá-los a urinar na relva ou cimento. É muito mais eficaz e eficiente se levares o cão [para a rua] e recompensá-lo por fazer isto desde o início", destaca.

Além disto, há duas dicas que as pessoas que vivem em apartamentos devem ter em conta: levar toalhitas de papel no elevador só por precaução e serem positivas. "Castigares um cão que acabou de ter um acidente... vai certamente desencadear medo na vossa relação", explica Jerri Scherff, treinador de cães e dono do centro de treino Tulsa Pack Athletics.

Criar um espaço para ele estar

Mesmo num apartamento pequeno, o teu cão vai precisar de um sítio onde possa passar o tempo e aprender a estar calmo. Para perceberes porquê,"imagina que nunca podes entrar no teu quarto e fechar a porta", propõe Scherff.

A especialista sugere ainda a criação de uma "zona zen" com um caixote suficientemente largo para o teu cão se levantar, virar e deitar confortavelmente. Para o ajudares a associá-la a segurança e conforto, deixa a porta aberta durante os primeiros dias, coloca as guloseimas favoritas no interior da caixa e elogia-o enquanto está a explorar o espaço.

Se não tens um espaço para a pores – ou se não conseguires suportar a ideia de confinares o teu cão, independentemente do que os especialistas disserem, – uma cama aconchegante também funciona. Scherff sugere que a ponhas num armário aberto para criar um abrigo improvisado.

Conhecer os cães dos vizinhos

Partilhar espaços comuns com outros cães pode ser outro desafio da vida de apartamento. Se achares que o facto de o teu cão correr para um salsicha que vive no 12B pode escalar para uma Terceira Guerra Mundial, lembra-te que tu és o primeiro e o principal responsável pelo bem-estar dele.

Nestas situações, Scherff e Gagnon recomendam que fales com o dono do outro cão. Sê compreensivo e empático, mas pergunta se podem combinar um horário ou um sistema para que os cães não se vejam. Se o teu vizinho estiver aberto à ideia, podes tentar arranjar tempo para falarem com um treinador, sugere Scherff.

Ensiná-lo a lidar com a ansiedade de separação

Os sintomas comuns de ansiedade de separação – latidos constantes, actos destrutivos como mastigar ou acidentes quando o teu cão está a ser treinado para urinar – podem ser especialmente penosos quando vives num apartamento. Provavelmente, o teu vizinho que está numa videochamada não vai ter muita paciência para os uivos do teu cão; e essa parte da porta que está roída pode custar-te uma caução.​

A melhor forma de combateres a ansiedade de separação é prevenir que se desenvolva. Se vais ter um cão, deixa-o habituar-se a estar sozinho durante alguns minutos todos os dias. "Começa com uma saída rápida e passa a fazer isso gradualmente com períodos de tempo mais longos", aconselha Fadl. Cansa-o com um passeio antes de ires e deixa-o com uma guloseima para o manteres entretido, por exemplo um kong cheio de manteiga de amendoim.

Se adoptares um cão que já sofre de ansiedade de separação, também há esperança. De acordo com Gagnon, "os casos de ansiedade de separação têm uma taxa de resolução muito elevada", mas é provável que tenhas de recorrer à ajuda de um treinador ou comportamentalista animal o mais cedo possível.

Controlar os latidos

Ladrar é natural, e alguns cães só o fazem mais do que outros. Mas se o teu novo cão o fizer cada vez que ouvir alguém no corredor, tenta desviar a atenção pedindo-lhe que se sente para lhe dares uma guloseima ou algo divertido para se entreter, como um alimentador interactivo.

Outra estratégia: disfarça os barulhos exteriores ligando a televisão num volume baixo ou põe ruído branco. E não faltes aos passeios. "Os cães que estão aborrecidos ou cheios de energia reprimida são mais propensos a ladrar", salienta Fadl.

Passeá-lo no parque canino

Se não tiveres jardim, o parque para cães pode ser uma boa alternativa – mas há ressalvas. Primeiro, certifica-te que o teu cão tem as vacinas todas e está desparasitado antes de ires. Isto é especialmente importante para os cachorros, tendo em conta que os sistemas imunitários ainda se estão a desenvolver. Além disto, "deves treinar as pistas de memória com o teu cão de forma rotineira antes de lhe tirares a coleira, mesmo que seja num espaço fechado”, assinala Gagnon.

O parque também não é sítio para responderes aos emails. Para a segurança do teu cão, é importante que prestes atenção à forma como ele está a interagir com os outros animais. Para Gagnon, deves ir-te embora se o parque estiver demasiado lotado ou caótico, se outro cão estiver a incomodar o teu ou se o teu animal te parecer assustado (por exemplo, se estiver a tremer ou a esconder-se). "Ouve o que o teu cão te está a tentar dizer", salienta. "Confia nele e, em troca, ele vai aprender a confiar em ti", conclui.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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