Esta startup portuguesa transforma cinzas de animais em diamantes

Cremar já fazia este serviço com pessoas, mas decidiu ampliá-lo para animais. Processo pode exceder um ano, com preços a partir dos 1900 euros. E como se transformam cinzas em diamantes artificiais?

Foto
Esta startup portuguesa transforma cinzas de animais em diamantes Jamie Street/Unsplash

Quem perde um animal procura formas de o recordar. Há quem espalhe as cinzas e plante uma árvore e há quem as transforme em diamantes. A ideia partiu de Vitor Oliveira e Afonso Rebelo, fundadores da Cremar, startup criada há um ano que realiza este serviço para pessoas. O conceito é simples: trata-se de respeitar o luto e oferecer, a quem quiser, uma recordação sob a forma de um diamante artificial, feito em laboratório.

Em Novembro do ano passado, os dois sócios decidiram começar a fazer o mesmo com animais de estimação – e assim surgiu a Cremar Pet, que lhes valeu o prémio Road2WebSummit na última edição da WebSummit, onde também captaram a atenção de possíveis investidores.

Mas como se transformam cinzas de animais em diamantes? Primeiro faz-se a extracção do carbono e altera-se a estrutura molecular. Depois as cinzas são cristalizadas a altas temperaturas. "É simples", reforça Vitor Oliveira.

Contudo, também é um processo demorado, por isso o diamante “nunca está pronto antes dos oito meses e pode-se estender até aos 16”, explica o engenheiro civil de 39 anos. “Em média, a janela de produção que damos é entre os 14 e os 16 meses”, acrescenta.

Este serviço pode ser feito com as cinzas de qualquer animal de estimação, desde cães ou gatos “até aos tigres e leões”, brinca o fundador. Além disto, as cinzas não têm validade, por isso até um animal que foi cremado há mais de 30 anos pode ser transformado num diamante.

Os preços, que começam nos 1900 euros e podem ir até aos 19.500, variam, tal como o tamanho do diamante, consoante o peso do animal, o que significa que se a pessoa quiser utilizar as cinzas da cabra de estimação, o diamante vai ser maior do que as de um cão. Se for um periquito, atira Vitor, é provável que o diamante seja ainda mais pequeno. “Nunca fiz, portanto não sei como funciona, mas acredito que não sobre nada [das cinzas].” Nestes casos, e no dos répteis, a primeira coisa a fazer é analisar as cinzas para ter a certeza de que é possível fazer o serviço.

Outra das curiosidades do processo é descobrir qual é a cor do diamante que as cinzas vão gerar. “Temos cinco tipos de cores: âmbar, uma mistura de amarelo e verde, vermelho, azul, negro e transparente, que é a cor típica dos diamantes”, explica, acrescentando que também é possível manipular a cor. É sempre uma incógnita, tendo em conta que varia de acordo com a componente química de cada corpo.

Todo este trabalho é feito no Instituto Pedro Nunes, na Universidade de Coimbra, em conjunto com serviços de cremação animal. Por enquanto, o serviço só está disponível para o distrito do Porto, mas um dos objectivos futuros é expandi-lo para todo o país. Quando ao site, vai ser lançado em breve, mas quem quiser pode contactar a Cremar Pet nas redes sociais.

Sugerir correcção
Comentar