Desemprego regista maior subida dos últimos dois anos

Efeito do abrandamento da economia pode estar a começar a reflectir-se no mercado de trabalho. Taxa de desemprego subiu de 6% para 6,4% em Novembro.

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Número de desempregados aumentou em Novembro Rui Gaudencio

Os sinais de abrandamento dados pela economia portuguesa nos últimos meses do ano passado parecem ter tido também impacto no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego a registar no mês de Novembro a maior subida mensal dos últimos dois anos.

De acordo com os dados publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa de desemprego (calculada levando em conta os efeitos sazonais) cifrou-se no passado mês de Novembro em 6,4%, pondo um ponto final num já largo período de um ano em que este indicador se manteve estável em torno da marca dos 6%.

Os dados publicados pelo INE relativamente a Novembro são ainda provisórios, o que significa que podem vir a ser alvo de uma revisão dentro de aproximadamente um mês.

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A confirmar-se, a subida de 0,4 pontos percentuais agora calculada para Novembro (em Outubro a taxa de desemprego foi de 6%) foi a maior subida registada desde o Verão de 2020, quando a economia portuguesa sentia os efeitos dos confinamentos iniciais em resposta à pandemia. A taxa de desemprego mantém-se ainda assim abaixo dos 7,2% registados há dois anos e dos 6,7% registados há três.

A taxa de subutilização do trabalho – que é uma medida mais alargada do desemprego que inclui, por exemplo, aqueles que já desistiram de procurar emprego – também subiu em Novembro de 11,2% para 11,6%.

Passou a haver, face a Outubro, mais cerca de 18 mil desempregados, sendo o número total estimado de 331,6 mil pessoas. Em contrapartida, há menos 20 mil pessoas empregadas em Portugal.

O número de jovens (entre os 16 e 24 anos) em situação de desemprego até diminuiu, mostram os números do INE, que coloca a taxa de desemprego nesse segmento etário nos 19% em Novembro, quando em Outubro era de 19,3%.

A evolução da taxa de desemprego está normalmente associada ao desempenho da economia. E, neste caso, a subida da taxa de desemprego registada em Novembro deverá ter como explicação o abrandamento da actividade económica que, no fim do ano, se está a registar em Portugal, em sintonia com o resto da Europa.

Embora o Banco de Portugal ainda aponte para uma taxa de crescimento positiva do PIB durante o quarto trimestre, é consensual entre todos as entidades que produzem previsões para a economia que, depois de um início de ano muito forte, a economia registou na segunda metade de 2022 um abrandamento significativo, fraquejando perante o peso da escalada da inflação e da subida das taxas de juro.

Este desempenho económico mais fraco deverá, com toda a probabilidade, prolongar-se no início deste ano, até porque o impacto da subida de taxas de juro por parte do BCE se irá tornar cada vez mais importante.

Ainda é incerto como é que o mercado de trabalho em Portugal – que tem vindo ao longo dos últimos anos a superar as expectativas – vai conseguir resistir a esta conjuntura económica mais difícil.

Esta evolução negativa do emprego em apenas um mês, e ainda por cima sendo os dados publicados pelo INE ainda provisórios, pode não ser suficiente para retirar já conclusões definitivas, mas constitui o primeiro indício de que o período de desemprego baixo de que o país tem vindo a beneficiar pode estar a chegar ao fim.

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