110 Histórias, 110 Objectos. O comutador de energia

No 76.º episódio do podcast, descobrimos o comutador de energia. O 110 Histórias, 110 Objectos, do Instituto Superior Técnico, é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. Siga-o nas plataformas

No podcast 110 Histórias, 110 Objectos, um dos parceiros da Rede PÚBLICO, percorremos os 110 anos de história do Instituto Superior Técnico (IST) através dos seus objectos do passado, do presente e do futuro. No 76.º episódio do podcast, descobrimos o comutador de energia.

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O comutador de energia Instituto Superior Técnico

Portugal era, no final dos anos 1920, um país essencialmente agrícola, com pouca capacidade industrial. O IST esteve no epicentro da gradual transformação tecnológica e no crescimento das áreas da engenharia no país. A escola via chegar, aos poucos, a tecnologia necessária para liderar esse processo. Uma delas, que chegou a Portugal por via alemã entre 1927 e 1930, foi o comutador de energia, capaz de produzir e distribuir as potências necessárias de electricidade para o laboratório de máquinas eléctricas, no edifício de Electricidade.

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O objecto é revisitado e descrito por Paulo Branco, professor associado no Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do IST: “Estamos a olhar para um equipamento que produz tensões trifásicas equilibradas – que actualmente vêm da subestação, dos transformadores daqui, mas na altura não havia o conceito de subestação para potências pequenas. Foi fornecido ao Técnico uma máquina com um sistema de corrente contínua de excitação e um gerador síncrono que produz três tensões trifásicas equilibradas”.

Falamos da capacidade de gerar uma potência na ordem dos 36 kilowatts (Kw), assumida por uma máquina azul, da marca Siemens, com aspecto de duas máquinas geminadas. “Uma é a máquina motriz, a outra produz as tensões. No fundo estamos a ver aqui produção de potência mecânica transformada em potência eléctrica”, explica Paulo Branco.

O comutador encontra-se ainda hoje nas instalações do campus Alameda, no Técnico, numa cave do laboratório de máquinas eléctricas, a mesma onde foram instaladas as primeiras entradas de sistemas trifásicos de tensão da rede pública, entretanto descontinuadas. Os componentes desse sistema permanecem a testemunhar essa fase. “Temos uma parte separada deste laboratório, onde temos as máquinas que produzem parte da electricidade para o laboratório de máquinas eléctricas”, complementa Paulo Branco.

Com o comutador chegou também ao IST um sistema de distribuição das tensões para o laboratório, dois painéis com cerca dois metros de altura e três metros de largura, com orifícios que distribuíam a corrente eléctrica para várias bancadas, com recurso a barras de cobre. “Naquela altura utilizavam ainda os fusíveis de cerâmica, não havia plástico nos disjuntores, eram de madeira. Com estas barras era possível direccionar para certas bancadas certas tensões e outros elementos aqui copulados”, descreve.

O objecto continua a cumprir uma importante função pedagógica junto dos estudantes do IST na compreensão da evolução dos sistemas de máquinas eléctricas e também da importância histórica da instituição. Resta apenas saber se o comutador ainda é capaz de trabalhar. “Nunca vi isto a funcionar, mas está nas melhores condições possíveis. Um dia vamos colocar as máquinas a funcionar e gerar as tensões”, arrisca Paulo Branco. Mas quando? “Quando não me pergunte, talvez quando eu for para a reforma daqui a 15 anos”.


O podcast 110 Histórias, 110 Objectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. É um programa do Instituto Superior Técnico com realização de Marco António (366 ideias) e colaboração da equipa do IST composta por Filipa Soares, Sílvio Mendes, Débora Rodrigues, Patrícia Guerreiro, Leandro Contreras, Pedro Garvão Pereira e Joana Lobo Antunes.

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