Carro a energia solar faz 1000 km em menos de 12h e marca novo recorde mundial
O Sunswift 7 é um carro eléctrico que só precisa de sol para carregar a sua bateria. Fez 1000 quilómetros em menos de 12h, o que significou um novo recorde mundial.
“Os mil quilómetros mais rápidos alcançados por um protótipo eléctrico com uma única carga [foram cumpridos] em 11 horas, 52 minutos e 8 segundos, pela Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália), em Geelong, a 17 de Dezembro de 2022”, atesta o Guinness World Records, depois de ter analisado e verificado os dados de telemetria do automóvel.
Sunswift 7 é o produto mais recente de uma investigação que, em 1997, apresentou o primeiro protótipo movido a energia solar. Com apenas 500 quilos, segundo o gabinete de imprensa da universidade, o protótipo foi idealizado com a eficiência como foco, tendo sido trabalhados parâmetros como o design aerodinâmico ou factores que admitam uma resistência ao rolamento muito baixa.
O resultado foi um consumo de energia de apenas 3,8 kWh/100km. A título de exemplo, generalistas como o Peugeot e-208 (segmento B) ou o Renault Mégane E-Tech (segmento C) reclamam um consumo eléctrico em torno dos 15 kWh/100 km.
No entanto, ressalve-se, o concept não obedece às regras de segurança que os carros produzidos para a estrada, poupando assim muito peso em equipamentos, tais como airbags ou sistemas electrónicos de ajuda à condução. Também está livre de luxos e de elementos de conforto e bem-estar, como um simples ar condicionado. O que não significa que seja barato.
"O Sunswift 7 não é um carro de produção do futuro, uma vez que comprometemos o conforto e o custo é proibitivo", asseverou o professor Richard Hopkins, que liderou a investigação.
Apesar disso, Hopkins, cujo currículo apresenta uma vasta experiência no mundo automobilístico (era chefe de Operações na Red Bull, entre 2010 e 2013, quando Sebastian Vettel deu o título à equipa quatro anos consecutivos), considera que este recorde demonstra que é possível ter rendimento com energia solar. “Demonstrámos que se quisermos tornar os carros mais eficientes, mais sustentáveis, mais amigos do ambiente, então é possível.”
"Já trabalhei na Fórmula 1 e ninguém pensa que estaremos a conduzir carros de F1 na estrada daqui a cinco ou dez anos. Mas a tecnologia que se utiliza na F1 expande realmente os limites e alguns destes passam para baixo [para veículos de estrada], e é isso que estamos a tentar fazer com o Sunswift", disse, citado pela universidade.
O Sunswift 7 completou 240 voltas ao Circuito do Centro Australiano de Investigação Automóvel (AARC, na sigla original), a uma velocidade média de quase 85 km/h e, embora as condições fossem as ideais, a epopeia não foi feita sem incidentes. Além das paragens previstas, para trocar de condutor, o carro solar teve de parar para trocar um pneu que furou e ainda para reparar um problema na bateria, o que chegou a ameaçar o sucesso da operação.
Quando a equipa de investigadores abraçou o desafio, determinou que as paragens não poderiam exceder os 15 minutos. O dano na bateria obrigou a uma pausa que pôs os nervos em franja de toda a gente: o carro voltou ao circuito 14 minutos e 52 segundos depois, oito segundos a tempo de evitar um desaire e colocar o Sunswift 7 no caminho do recorde mundial.