PCP alerta que maioria absoluta “não é condição para o Governo chegar ao fim”
Paulo Raimundo diz que as questões não se resolvem apenas mudando ministros porque o problema é das políticas. “O que é preciso é criar uma alternativa” ou “não terá um desfecho muito bom”, avisa.
O secretário-geral do PCP alertou hoje que a maioria absoluta "não é condição para o Governo chegar ao fim", defendendo que, mais do que os ministros, "o problema é a política que está a ser seguida". "O primeiro-ministro, António Costa, ontem fez uma afirmação com a qual nós concordamos: independentemente dos ministros, o que interessa é a continuidade da política. Só que ela tem tanto de verdadeira como de perigosa, porque o problema aqui não é se é o ministro A, B ou C. O problema é a política que está a ser seguida, e é essa que devia ser alterada", afirmou Paulo Raimundo.
O líder comunista falava aos jornalistas no final de uma acção de contacto com os trabalhadores de uma empresa em Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa) quando foi questionado sobre a remodelação do Governo na sequência da demissão do ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
"A maioria absoluta do Governo não é condição para o Governo chegar ao fim. O que define o futuro do Governo é a política que exerce, e se continuar neste caminho podemos dizer que não terá um desfecho muito bom", alertou. De acordo com Paulo Raimundo, "o que é preciso é criar uma alternativa".
Já sobre a separação dos ministérios das Infra-estruturas e da Habitação, o secretário-geral comunista defendeu que a questão "não é problema de orgânica, é um problema de opção política"."Mais remodelação, menos remodelação, não me parece que seja por aí a questão de fundo", defendeu.
Questionado sobre as críticas de outros partidos dirigidas à actuação do ministro das Finanças, Fernando Medina, e o facto de defenderem a sua saída, o líder comunista considerou que existe "o problema da política em curso e o problema daqueles que querem acelerar a política em curso", contrapondo que o PCP gosta de "fazer a coisa com mais calma". "O problema de Fernando Medina não é Fernando Medina; o problema é a sua política", insistiu.
Questionado se era tempo para uma remodelação mais profunda no Governo, Paulo Raimundo partiu do exemplo dos trabalhadores com quem contactou e afirmou que os portugueses "vivem bem com a instabilidade governativa. Vivem mal é com a instabilidade da vida de todos os dias."
"A única forma de resolver a crise política no Governo é alterar a política para corresponder às necessidades e anseios de todos nós. Esse é que é o caminho, o resto é um bocadinho para nos entretermos. Mudaram-se ministros, seguramente se vão mudar secretários de Estado; a política continua a mesma. Qual é a consequência disso na vida das pessoas? Zero", criticou.
Já sobre a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal, Paulo Raimundo desvalorizou-a, considerando que é "para entreter" e "não censura a política" do Governo, pelo que o partido vai votar contra. O líder comunista reiterou o anúncio feito pela líder parlamentar comunista, Paula Santos, indicando que o partido votará contra, e criticou: "A IL está ao lado do PS na privatização da TAP, a IL assobiou para o ar quando o Governo decidiu entregar há poucos dias 140 milhões de euros às concessionárias das auto-estradas de mão beijada. Toda esta ideia de censura... Está a censurar o quê? É um bocadinho para nos entreter", acusou.