Suu Kyi condenada a mais sete anos de prisão no último julgamento

Pena acumulada em processos contra a Nobel da paz desde golpe da Junta militar é de 33 anos de prisão. HRW condena pena que corresponde a prisão perpétua.

,Mianmar (Birmânia)
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Suu Kyi é a maior ameaça para a Junta militar no poder na Birmânia DIEGO AZUBEL/EPA
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Um tribunal na Birmânia condenou a líder deposta do país, Aung San Suu Kyi, por cinco crimes de corrupção, a uma pena de mais sete anos de prisão, segundo uma fonte citada pela Reuters, que marca o fim de uma maratona de julgamentos condenados internacionalmente.

Numa sessão à porta fechada, Suu Kyi, que foi detida durante um golpe em Fevereiro de 2021, foi considerada culpada de ofensas relativas ao uso de um helicóptero enquanto líder do país, disse a fonte, que segue os seus julgamentos.

Suu Kyi, que venceu o Nobel da paz pela sua campanha, que durou décadas, pela democracia na Birmânia, passou grande parte da sua vida política detida por governos militares, parte dos quais em prisão domiciliária.

O veredicto de sexta-feira junta-se a penas de pelo menos 26 anos desde Dezembro do ano passado. Suu Kyi, disse ainda a fonte, que não pode ser identificada pela sua segurança, estava de boa saúde.

Suu Kyi foi líder da Birmânia durante cinco anos desde 2015, durante uma década de uma tentativa de democracia após o fim de 49 anos de regime militar, que acabou por retomar o controlo no início do ano passado para impedir o governo democrático de começar um segundo mandato, acusando-o de ignorar irregularidades numas eleições que o seu partido venceu.

Os processos contra Suu Kyi são vistos como farsas, com um objectivo de manter longe a maior ameaça à Junta quando há um descontentamento generalizado ao regime.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, na semana passada, uma resolução pedindo à Junta para acabar todas as hostilidades e libertar todos os presos políticos, incluindo Suu Kyi.

“Uma farsa, totalmente injusto”

A organização não-governamental Human Rights Watch pediu uma resposta internacional forte e sanções mais eficazes para atingir a Junta, e sublinhou que tendo em conta a idade de Suu Kiy, 77 anos, o tribunal tinha decretado na realidade uma pena de prisão perpétua.

“A sucessão de acusações e condenações que são uma farsa, totalmente injustas, contra Aung San Suu Kyi são um castigo motivado por razões políticas com o objectivo de a manter atrás das grades para o resto da sua vida”, disse o vice-director para a Ásia da organização, Phil Robertson.“A Junta espera, obviamente, que a comunidade internacional perca esta notícia, e que haja pouca publicidade contra a campanha injusta contra Suu Kyi”.

Desde Dezembro do ano passado, Suu Kyi foi condenada por quebrar as restrições da covid-19 enquanto fazia campanha, de ter equipamento de rádio ilegal, de incitamento, de quebrar uma lei de segredos de estado e de tentar influenciar a comissão eleitoral do país”.

Suu Kyi classificou as acusações como “absurdas”.

Não era claro onde Suu Kyi cumpriria a pena agora que os julgamentos chegaram ao fim.