Tripulantes rejeitam proposta da TAP e relançam cenário de nova greve

Tripulantes de cabine rejeitaram por esmagadora maioria a proposta da TAP entregue ao Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil que visava “sanar o clima de instabilidade social”.

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Greve de 8 e 9 de Dezembro levou ao cancelamento de 360 voos da TAP Nuno Ferreira Santos

Os tripulantes de cabine chumbaram esta quinta-feira, por esmagadora maioria - 615 votos contra, seis a favor e três abstenções, segundo os dados oficiais – a proposta apresentada pela TAP que visava anular a hipótese de uma nova greve, depois da paralisação dos trabalhadores ocorrida nos dias 8 e 9 de Dezembro e que levou à suspensão de 360 voos.

Assim, continua de pé a possibilidade de o Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) marcar pelo menos outros cinco dias de greve até ao final do mês de Janeiro, tendo como centro de disputa as actuais condições salariais e laborais e o novo acordo de empresa. O pré-aviso de greve "continua em cima da mesa" e "será feito em tempo útil", afirmou o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, aos jornalistas no final do encontro de trabalhadores, onde estiveram, segundo o sindicato, 367 associados e 257 associados representados por procurações.

Em votação estava o acordo proposto pela TAP, cujo pressuposto era o de “sanar o clima de instabilidade social actualmente existente” entre os tripulantes de cabine, por via da “resolução de questões interpretativas” de matérias laborais.

Em paralelo, segundo a minuta do acordo entre a administração e o SNPVAC, distribuído aos trabalhadores, pretendia-se “criar condições para que, num contexto de paz social, se inicie construtivamente o processo de revisão integral do actual acordo de empresa”, datado de 2006.

O objectivo era o de iniciar as negociações até ao próximo dia 13 de Janeiro. A primeira proposta de novo acordo entregue pela TAP já foi classificado pelo SNPVAC de “ultrajante”.

Entre os aspectos enunciados estão compromissos, nomeadamente remuneratórios, a que os trabalhadores dizem já ter direito, e que foram suspensos com a aplicação do acordo de emergência em vigor.

Do lado da TAP, havia a exigência de o SNPVAC pôr termo às acções judiciais interpostas por causa dos temas laborais em disputa (como a contabilização da meia hora após a imobilização do avião), tendo ainda o sindicato de renunciar em intentar novas acções judiciais.

O documento incluía também a alteração de uma das componentes do salário dos tripulantes de cabine, ao mesmo que a administração propunha atribuir oito milhões de euros a todos os tripulantes de cabine “a título de compensação extraordinária, sem sujeição às reduções retributivas” que fazem parte do acordo de emergência (há um corte de 25% na parte dos salários acima dos 1410 euros).

A proposta apresentada pela TAP incluía ainda a colocação de 11 trabalhadores no quadro e a formação de uma turma de supervisores de cabine.

No dia 19 de Dezembro, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, afirmou que as conversações com o sindicato estavam “no bom caminho”. “Queremos evitar uma [nova] greve, se for possível”, disse a gestora, acrescentando acreditar que é possível um acordo.

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