Oito baixas em nove meses no terceiro Governo de António Costa
Demissões no Governo têm-se sucedido desde Maio. A única saída por parte de um ministro é a de Marta Temido.
O primeiro ano da legislatura ainda não chegou ao fim, mas o Governo — o terceiro de António Costa — já regista oito baixas em nove meses. A maior parte das demissões são de secretários de Estado e foram motivadas por polémicas ou desgaste político, sendo a mais recente a da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis.
Alexandra Reis
Menos de um mês depois de chegar ao Governo, a agora ex-secretária de Estado do Tesouro, foi demitida pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, nesta terça-feira, para "preservar a autoridade política do Ministério das Finanças". A decisão foi tomada após ter vindo a público que a governante demissionária recebeu uma indemnização de 500 mil euros da TAP por ter saído antecipadamente do cargo que ocupava como administradora executiva desta companhia aérea em Fevereiro deste ano. Indemnização essa que foi pedida pela própria na negociação da sua saída com a TAP. Mais do que jurídico, o problema foi político.
João Neves e Rita Marques
A 29 de Novembro, o ministro da Economia, António Costa Silva, demitiu João Neves, secretário de Estado da Economia, e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços. Embora o Governo não tenha avançado explicações, a demissão ocorreu após ambos os secretários de Estado terem discordado publicamente da posição do ministro da Economia sobre a descida transversal do IRC. Nesta altura, o primeiro-ministro aproveitou para fazer uma pequena remodelação governamental nos ministérios da Economia e das Finanças que resultou na substituição de João Nuno Mendes, agora secretário de Estado das Finanças, por Alexandra Reis, até então presidente do conselho de administração da NAV Portugal - Navegação Aérea.
Miguel Alves
Pouco mais de duas semanas antes, Miguel Alves, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro demitiu-se depois de ter sido acusado, no mesmo dia, pelo Ministério Público pelo crime de prevaricação. O governante tinha sido nomeado há apenas dois meses para um cargo que até então não estava previsto na orgânica deste Governo, juntamente com os novos titulares da pasta da Saúde. Além da acusação, relacionada com contratos públicos realizados quando era presidente da Câmara de Caminha, o ex-secretário de Estado encontra-se também sob investigação por causa de um adiantamento de 300 mil euros, que fez enquanto autarca, para pagar o arrendamento de um pavilhão multiúsos que ainda não está construído.
Marta Temido, António Lacerda Sales e Maria de Fátima Fonseca
No cargo desde 2018, a antiga ministra da Saúde Marta Temido sobreviveu ao desgaste do combate à pandemia de covid-19, sendo, aliás, recorrentemente vista como a ministra mais popular do executivo nas sondagens à população. Mas, o fecho generalizado das urgências hospitalares, em particular de obstetrícia, um pouco por todo o país, acabou por levar a agora deputada do PS a apresentar a demissão ao primeiro-ministro a 30 de Agosto “por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo”. Com a ex-ministra, saíram também os secretários de Estado António Lacerda Sales e Maria de Fátima Fonseca.
Sara Abrantes Guerreiro
A ex-secretária de Estado da Igualdade e das Migrações Sara Abrantes Guerreiro foi a primeira demissão do executivo. A 2 de Maio, cerca de um mês depois de tomar posse, renunciou ao cargo por motivos de saúde. Foi substituída por Isabel Almeida Rodrigues que até então era deputada do PS pelo círculo eleitoral dos Açores.