Em contagem decrescente para o fim das mecânicas a combustão, a indústria automóvel já (quase) se rendeu à electricidade. Para 2023, serão os eléctricos que dominarão as propostas, ainda que, entre estas, também se destaquem automóveis para a despedida.
É o caso do Honda Civic Type R, que poderá ser o último de uma história com mais de 25 anos, e que se baseia na 11.ª geração do modelo, recém-chegada aos mercados. O Type R de 2023 continuará a ser um dos mais velozes com tracção dianteira e chegará com o mesmo 2.0 turbo a gasolina da antiga geração, mas trabalhado no sentido de ser ainda mais potente e reactivo: são 315cv às 6500 rpm com um binário máximo de 420 Nm, disponível entre as 2600 e as 4000 rpm, o que lhe permitiu quebrar o recorde do Type R de 2021 no Circuito Suzuka, com um tempo de 2 minutos e 23,120 segundos.
Outro desportivo que ainda não se rendeu à electricidade é o BMW M2, que se apresentará com um motor de 6 cilindros em linha, com 3 litros. Neste caso, os 460 cv são entregues ao eixo traseiro, ficando a gestão entregue a uma Steptronic de 8 velocidades. Mas, para os mais puristas, ainda será possível encomendar um M2 com caixa manual. Com a primeira, acelera de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos, precisando de mais duas décimas com a segunda.
Mas não será pela velocidade que se preferirá estes aos modelos eléctricos que aí vêm. O plug-in hybrid XM da BMW, por exemplo, promete cumprir a mesma aceleração em 4,3 segundos. Para tal, apresenta um sistema híbrido que conjuga um motor 4.4 biturbo de 8 cilindros em V a um potente motor eléctrico, alimentado por uma bateria de iões de lítio de 25,7 kWh úteis. O conjunto debita 653 cv e um binário máximo de 800 Nm.
Na rival Audi, o Q6 e-tron, um novo crossover 100% eléctrico, irmão do Porsche Macan, com o qual partilha plataformas e vários componentes e soluções tecnológicas, sendo expectável que surja com credenciais semelhantes: 612cv e um binário máximo de 1000 Nm, com uma grande bateria para oferecer autonomia alargada. Já a versão eléctrica do Macan está prevista para chegar no ano seguinte.
A Volvo tem na manga o EX90, que promete ser o mais seguro de sempre da marca sueca, mas também “um automóvel inteligente, desenvolvido para ser capaz de entender o condutor e a sua área circundante”. Dessa forma, o próprio carro, diz a marca, será capaz de, a qualquer instante, “criar a situação mais segura possível para todos aqueles que se encontrem dentro e fora do veículo”.
A mesma tecnologia será servida no Polestar 3, “um SUV sem o ser”, ao apresentar uma posição de condução elevada, assim como uma ampla abertura das portas para facilitar entradas e saídas, mas dispensando as formas que os fazem ser percepcionados como “perigosos, agressivos e gastadores”. A versão base oferece uma potência de 489cv, com um binário máximo de 840 Nm, acelerando de 0 a 100 km/h em 5 segundos.
Ainda da Europa, chega o BMW iX1, com 313cv e bateria para mais de 430 quilómetros, ou o Smart #1, que marca uma nova vida da marca conhecida pelos microcarros. Neste caso, com 4,27 m de comprimento, há cinco portas e cinco lugares. De tracção traseira, o motor eléctrico é anunciado com uma potência de 270cv e a marca afirma que cada carga de bateria permite circular mais de 400 quilómetros. Entre as marcas generalistas, destaque para a Citroën, que decidiu trazer para Portugal apenas a variante eléctrica do C4 X, que é apresentando como o casamento entre uma berlina e um SUV. A potência é de 136cv e autonomia dá para mais de 350 quilómetros.
Já da Ásia são aguardadas com alguma expectativa as estreias do Aiways U6, um SUV coupé 100% eléctrico que acelera de 0 a 100 km/h em 7 segundos; o Hyundai Ioniq 6, nas versões de 53 kWh e tracção traseira e de 77,4 kWh, com tracção integral, graças à inclusão de um segundo motor; ou o enorme EV9 (são quase cinco metros de comprimento e uma distância entre eixos de mais de três metros, sendo que a imagem é de uma versão pré-produção), que se posicionará como o topo de gama da Kia.
Mas a lista das novidades asiáticas arranca logo no início do ano em modo híbrido: trata-se da nova geração do Mitsubishi ASX, que é proposta com uma mecânica full-hybrid (um motor de 1,6 litros a gasolina associado a dois motores eléctricos) e uma plug-in, que recorre a uma bateria de 10,5 kWh para uma autonomia eléctrica de 50 quilómetros (se lhe parecer muito com um Captur não estranhe; é irmão, quase gémeo).
Dos EUA, duas novidades: a estreia no Velho Continente do icónico Ford Bronco e o lançamento do primeiro eléctrico na história da Jeep, com o Avenger, um automóvel compacto, que, com uma bateria de 54 kWh, é proposto com motor de 156cv.
Para lá das novidades de marcas reconhecidas, 2023 traz um novo emblema para o palco europeu. A BYD, com sede em Xian, na China, começou por fabricar baterias para automóveis eléctricos e é hoje uma marca a estar atento. Nos próximos meses deverá instalar-se em vários mercados do Velho Continente, Portugal incluído, com três modelos: o Atto 3, um SUV compacto com motor a debitar 204cv e bateria de 60,5 kWh para uma autonomia de 420 quilómetros; o Tang, um SUV de sete lugares, servido por dois motores a debitarem 517cv e alimentados por uma bateria para 400 quilómetros; e o Han, um desportivo eléctrico com 517cv, que acelera de 0 aos 100 km/h de 3,9 segundos e que consegue percorrer até 520 quilómetros com uma única carga.