O que Doncic fez não foi só um triplo-duplo, foi histórico

O esloveno teve uma noite memorável na NBA, com 60 pontos, 21 ressaltos e dez assistências. E os Mavericks ganharam o jogo.

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Luka Doncic, base dos Dallas Mavericks Reuters/Kevin Jairaj

Que Luka Doncic é um fenómeno, não é novidade para ninguém. O esloveno já teve muitas noites memoráveis, desde os tempos do Real Madrid em que dominava a Euroliga com apenas 18 anos, até às quatro épocas que já leva na Liga Norte-Americana de Basquetebol profissional (NBA). E, na última madrugada, teve mais uma noite para recordar, com 60 pontos, 21 ressaltos e dez assistências, um triplo-duplo (conseguir 10 pontos em pelo menos três categorias) como nunca se viu na NBA e que conduziu a um triunfo dos Dallas Mavericks sobre os New York Knicks por 126-121, após prolongamento.

Este não foi, de facto, um triplo-duplo qualquer. Foi o segundo triplo-duplo da história da NBA com 60 pontos, depois de James Harden pelos Houston Rockets a 30 de Janeiro de 2018, mas o feito de Harden fica aquém do de Doncic em ressaltos (10). Foi a primeira vez que alguém conseguiu dois dígitos em três categorias marcando 60 pontos e alcançando 20 ressaltos. Wilt Chamberlain, o único da história da NBA a marcar 100 pontos num único jogo, chegou a ter dois triplos-duplos com mais de 50 pontos (um com 53/32/14), mas nunca a chegar aos 60.

E foi uma marca ainda com mais valor porque não foi obtida num jogo que já estava ganho ou perdido. Foi épica e consequente a forma como o esloveno chegou a estes números. Ele já ia a caminho de uma noite histórica, mas os "Mavs" estavam a perder por nove a 33 segundos do final do quarto período – e, de acordo com a ESPN, todas as equipas nos últimos 20 anos que estavam a perder por nove ou mais pontos a 35 segundos do fim seriam sempre derrotadas.

Desta vez não foi assim. Nos últimos 60 segundos do tempo regulamentar, Doncic marcou dez pontos, dois dos quais resultaram de um ressalto a um lance livre falhado de forma intencional. O jogo ficou empatado (115-115) e seguiu para prolongamento, quando o base esloveno marcou mais sete pontos, segurando um triunfo para a formação texana, que tem tido uma época bastante irregular – segue em sexto da Conferência Oeste, com 19 vitórias e 16 derrotas.

Foi um recorde de pontuação e de ressaltos para Doncic e a primeira vez que um jogador dos "Mavs" chegou aos 60 – a anterior marca era de Dirk Nowitzki, 53 pontos marcados aos Rockets, em 2004.

“Estou super-cansado. Preciso de uma cerveja para recuperar!”, disse o base esloveno, que até perdeu a conta dos pontos que tinha marcado: “Pensei que tínhamos ganhado [com o último cesto do quarto período]. Por isso é que festejei daquela maneira. Depois olhei para o marcador e vi que estávamos empatados. E pensei, ‘Ooof’.”

Este foi o 55.º triplo-duplo deste jovem esloveno que ainda tem uma carreira inteira pela frente. Aos 23 anos e a cumprir a sua quinta época na NBA, Doncic já é um dos melhores jogadores da Liga e está a caminho de ser um dos melhores de sempre. Mais do que superou as já altas expectativas que o apontavam como um talento de excepção quando, em 2018, chegou ao basquetebol norte-americano, eleito na 3.ª posição do draft – bem se terão arrependido Suns e Kings de não o terem escolhido e, sobretudo, os Hawks de terem trocado a “pick” e ficarem com Trae Young em vez do génio esloveno.

Foi logo eleito o melhor “rookie” dessa temporada e, nas três épocas seguintes, foi escolhido para o melhor “cinco” da NBA e para o jogo das “estrelas”. Se alguma vez será campeão, ele que já ganhou a Euroliga com o Real Madrid e o Eurobasket com a Eslovénia? Isso dependerá sempre da forma como os "Mavs" irão construir uma equipa à volta do esloveno, que substituiu o fiel Dirk Nowitzki (21 épocas nos "Mavs") como o seu centro de gravidade.

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