Covid-19. Chineses festejam fim das restrições, depois do fim anunciado da quarentena à chegada ao país
O último vestígio da política “zero covid”, a quarentena obrigatória para quem chega ao país oriundo do estrangeiro, vai desaparecer a 8 de Janeiro.
Os chineses reagiram esta terça-feira, nas redes sociais, com entusiasmo ao fim das restrições que mantiveram o país isolado desde Março de 2020, noticiou a agência France-Presse (AFP).
As autoridades puseram termo à maioria das medidas contra a covid-19 sem aviso prévio a 7 de Dezembro, no meio da crescente exasperação pública e de enorme impacto na economia.
O último vestígio da política "zero covid", a quarentena obrigatória para quem chega ao país oriundo do estrangeiro, vai desaparecer a partir de 8 de Janeiro, anunciou Pequim na segunda-feira à noite.
"Acabou... a Primavera está a chegar", reagiu um utilizador entusiasmado, num dos comentários mais aplaudidos no Weibo, o equivalente chinês da rede social Twitter.
"Estou a preparar-me para a minha viagem ao estrangeiro", escreveu outro utilizador, enquanto um terceiro comentou: "espero que o preço do bilhete de regresso não volte a subir".
As pesquisas online de voos para o estrangeiro dispararam assim que o anúncio foi conhecido, de acordo com os meios de comunicação social estatais.
O site de viagens Tongcheng registou um salto de 850% nas pesquisas e um aumento de dez vezes nos pedidos de visto.
Por seu lado, a agência Trip.com relatou que, meia hora depois do anúncio, o volume de pesquisas de destinos fora da China continental aumentou dez vezes em relação ao ano anterior. Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul encontravam-se entre os destinos mais procurados.
A decisão de abolir as quarentenas à chegada significa o fim da rígida política "zero covid" que durante quase três anos impôs testes generalizados, confinamentos sem aviso prévio e longas quarentenas obrigatórias que abalaram a segunda maior economia do mundo.
"É um alívio", disse o director-geral da Câmara de Comércio sino-britânica da China Tom Simpson. A medida "termina três anos de perturbação muito significativa".
No entanto, Simpson anteviu uma "recuperação gradual", à medida que as companhias aéreas aumentam lentamente os voos e as companhias afinam as estratégias na China para 2023. Ainda assim, o anúncio é "muito, muito bem-vindo", disse Simpson à AFP.
Algumas restrições permanecem em vigor, como a manutenção da suspensão, em grande parte, da emissão de vistos turísticos e de estudantes estrangeiros.
Contudo, com a maior parte das restrições sanitárias levantadas, a China está a registar um surto de covid-19. A vaga de Inverno está a acontecer a alguns dias do Ano Novo e a algumas semanas do Ano Novo Lunar, no final de Janeiro, quando milhões de pessoas vão viajar para visitar familiares, naquela que é conhecida como a maior migração humana.
No domingo, a China anunciou que ia deixar de publicar números sobre os casos de covid-19, perante críticas por estarem completamente desfasados da actual situação epidémica.
Os hospitais e os crematórios de todo o país estão a transbordar de doentes e vítimas da doença, e estudos ocidentais estimaram que até um milhão de pessoas poderão morrer nos próximos meses.
As grandes cidades lutam agora com a escassez de medicamentos antipiréticos, enquanto as urgências estão a receber um afluxo de doentes idosos não vacinados.
Pequim insistiu que o país está pronto para resistir à vaga. "Precisamos que o público se proteja devidamente e continue a cooperar com medidas adequadas de prevenção e controlo" da covid, disse o epidemiologista Liang Wannian, que aconselha as autoridades sanitárias, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
Teste negativo para entrar em território chinês
A partir do próximo mês, será apenas exigido um teste negativo com menos de 48 horas para entrar no território chinês, com os passageiros a não precisarem de solicitar um código verde de saúde antes da sua viagem à China, indicou, em comunicado, a Comissão da Saúde, que possui as funções de um ministério.
De acordo com as autoridades sanitárias chinesas, e num novo passo no desmantelamento da política de “covid zero”, a covid-19 deixará de ser considerada uma doença de categoria A, o nível máximo de perigo e cuja contenção implica as medidas mais severas, para ser catalogada como categoria B, que implica um controlo menos exigente.
Desta forma, a Comissão de Saúde informou que já não considera a covid-19 como uma “pneumonia”, mas como uma doença “contagiosa” menos perigosa.
A China é a única grande economia que continua a impor quarentenas à chegada ao seu território, que penalizam o turismo, mesmo que a sua duração tenha sido reduzida nos últimos meses. Actualmente, a quarentena implicava cinco dias num hotel, seguidos de outros três dias de observação.
As fronteiras do país permanecem, no entanto, quase totalmente encerradas desde o início de 2020. A China deixou de emitir vistos turísticos há quase três anos, com as ligações aéreas internacionais a registarem uma forte redução.