Ac. Viseu encontra FC Porto na luta por lugar na história

Clube do segundo escalão ganhou nova aura desde a chegada de Jorge Costa. Está lançado na Taça da Liga, na Taça de Portugal e mantém o sonho de regressar à I Liga.

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LUSA/PAULO NOVAIS

O Ac. Viseu está a um pequeno grande passo da final da Taça da Liga. No Fontelo já se sabe do reencontro agendado para daqui a um mês, em Leiria, entre o treinador da formação beirã, Jorge Costa, e o campeão nacional, FC Porto. A expectativa não podia ser maior, numa altura em que os “dragões” tentam chegar pela quinta vez à final da competição cujo troféu aguarda pacientemente a entrada no museu portista. Isto, enquanto os viseenses arriscam todas as fichas numa campanha inédita e que será sempre histórica, independentemente do desfecho da meia-final. Um pouco à imagem do sucedido em 2020, quando os viseenses defrontaram os "azuis e brancos" nas meias-finais da Taça de Portugal.

Jorge Costa assume-o abertamente, desculpando-se até por estar a tornar-se repetitivo quando afirma que “nem nos melhores sonhos” poderia prever o que está a viver em Viseu, onde chegou na primeira semana de Setembro para suceder a Pedro Ribeiro (abandonou à segunda ronda) no comando técnico do Ac. Viseu.

Então, o antigo defesa-central, que em 2006/07 enveredou (ao serviço do Sp. Braga) por uma carreira técnica que já lhe rendeu dois títulos (campeão com a Olhanense e nos romenos do Cluj) e o estatuto de seleccionador do Gabão, pegou nos viseenses… no último lugar da II Liga, com três pontos em cinco jornadas, fruto de três empates e duas derrotas.

Na estreia, que ditou uma complicada deslocação a Rio Maior – casa emprestada do Estrela da Amadora, actual terceiro classificado – um golo de Jonathan Toro foi prenúncio da viragem pretendida, apesar de os beirões não terem sido capazes de segurar a vantagem, acabando por regressar a casa com nova derrota, a primeira e última de Jorge Costa.

A partir daí, seguiram-se 15 jogos sem perder – três dos quais frente a adversários da I Liga –, num registo impressionante de 11 triunfos e quatro empates, que se traduz numa surpreendente escalada até ao sexto lugar do campeonato, com 20 pontos (a dois do lugar de play-off de promoção); numa presença nos oitavos-de-final da Taça de Portugal (defronta o Beira-Mar a 11 de Janeiro); e numa histórica qualificação para a final four da Taça da Liga, depois de eliminar o Boavista nos quartos-de-final da competição.

Jorge Costa recorda os riscos assumidos quando se comprometeu com o Ac. Viseu, sublinhando a qualidade do plantel e, sobretudo, o espírito de um balneário profissional e dedicado, o que explica em grande medida os resultados obtidos. Entre jogadores de 13 nacionalidades, destaque para o brasileiro André Clóvis, actual melhor marcador dos campeonatos profissionais, com 15 golos.

Um goleador para os bons e maus momentos, como se viu no arranque de época. Aliás, não foi por ele que o Ac. Viseu entrou com o pé esquerdo no campeonato. O melhor marcador da II Liga, com 12 golos em 13 jornadas – eleito melhor avançado de Agosto, Outubro e Novembro – marcou sempre nas quatro primeiras rondas, ficando, anacronicamente, em branco durante três encontros da fase de transição para a retoma… após o que disparou para uma série de seis jogos consecutivos a marcar por oito vezes.

O primeiro bis na II Liga surgiu frente ao Leixões, equipa que representou entre 2018 e 2020, antes de rumar ao Estoril, emblema a que continua vinculado até 2024 e que cedeu o avançado brasileiro ao Ac. Viseu. Isto, depois de na Covilhã, na ronda anterior, ter garantido o segundo de cinco triunfos com um golo aos 90+6’.

Pergaminhos bem necessários se o Ac. Viseu quiser deixar marca na Taça da Liga, depois de terminar 2022 com um regresso a Penafiel, onde Jorge Costa actuou por empréstimo do FC Porto, há 32 anos. Mas pode até ser que no mês que falta para o embate com o FC Porto, em Leiria, a aura viseense brilhe com a mesma intensidade.

Em Viseu, só os próximos compromissos de II Liga poderão determinar quais as reais consequências da interrupção dos campeonatos na dinâmica da equipa, que pôde dedicar-se a cem por cento à Taça da Liga e assegurar um momento único, com que só uma ida ao Jamor ou o regresso ao primeiro escalão pode rivalizar.

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