Em Moçambique, uma consoada austral
A noite é quase tropical. Muito provavelmente, ainda haverá um bom punhado de chapas a navegar no purgatório de rios de lama e água da periferia, cheios de gente ansiosa por chegar a casa.
O chapa bamboleia-se por uma estrada de terra. Vai como um barco numa dessas tardes em que o Índico é mais imprevisível que um deus em dia de embirrar com o mundo. Abarrotado de povo, afunda-se em cada cova da picada e volta a emergir com a proa apontada ao céu de chumbo. A cada guinada do volante para fazer o veículo escapar aos buracos, o condutor faz também os passageiros amassarem-se uns contra os outros com um pouco daquela solidariedade promíscua com que a humanidade partilha destinos.
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