Taxa de poupança das famílias cai para mínimos de mais de uma década
Aumento do consumo privado, em 2%, foi superior ao do crescimento do rendimento disponível (1%), atirando a taxa de poupança para mínimos de mais de uma década.
Depois do forte crescimento durante o pico da pandemia de covid-19, em que atingiu os 14%, a taxa de poupança das famílias tem vindo a cair, recuando, no terceiro trimestre, para 5,1% do rendimento disponível bruto (RDB), menos um ponto percentual relativamente ao trimestre anterior, e mínimo de mais de uma década. Para a queda contribuiu o aumento de 2% do consumo privado (2,7% no trimestre anterior, na variação em cadeia), superior ao crescimento de 1% do rendimento disponível.
Por cada 100 euros disponíveis, as famílias pouparam 5,1 euros de Julho a Setembro, o valor mais baixo desde o segundo trimestre de 2008, avança o Instituto Nacional de Estatística (INE), nas Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas nesta sexta-feira.
“O RDB das Famílias aumentou 1% face ao trimestre anterior, verificando-se crescimentos de 1,8% e 1% das remunerações e do valor acrescentado bruto (VAB), respectivamente.”
Do lado da despesa de consumo final, o aumento foi de 2,0% (2,7% no trimestre anterior), determinando a redução da taxa de poupança para 5,1% (6,1% no trimestre anterior), o que conduziu a um défice ou necessidade de financiamento de 0,2% do produto interno bruto (PIB). Esta queda contrasta com a capacidade de financiamento dos particulares no trimestre anterior, que era de 0,4% do PIB.
O RDB ajustado nominal das famílias per capita fixou-se em 17,6 mil euros, mais 1% do que no trimestre anterior, mas em termos reais diminuiu 0,4% no período em análise, adianta o INE.
O INE salvaguarda, contudo, que nas variáveis apresentadas em termos nominais, como é o caso do consumo privado, a sua evolução é marcada pela aceleração dos preços "evidenciada pelo Índice de Preços no Consumidor no terceiro trimestre de 2022".
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) das famílias, que corresponde essencialmente à FBCF em habitação, registou uma taxa de variação de 0,8% face ao trimestre anterior e um aumento de 3% face ao mesmo período de 2021.
E a taxa de investimento das famílias manteve-se em 6,0% entre o segundo e o terceiro trimestre.
Já nas contas públicas, o terceiro trimestre terminou com um saldo orçamental positivo de 2,8%, muito acima do resultado previsto para a totalidade do ano.